Douglas Corrêa
Agência Brasil
O corpo do cantor Jerry Adriani foi enterrado no final da tarde de hoje (24) no Cemitério Francisco Xavier, no Caju, zona portuária do Rio de Janeiro. Ídolo da Jovem Guarda, o artista enfrentava um câncer e morreu nesse domingo (23), vítima da doença. Centenas de fãs que acompanharam a cerimônia de despedida cantaram músicas do artista ao longo do cortejo até o jazigo da família.
Discos de vinil e uma guitarra do músico foram levados pelos fãs ao velório, que durou todo o dia. Jerry Adriani era o mais jovem integrante da Jovem Guarda e estava com a agenda de shows lotada até setembro.
O cantor Neguinho da Beija-Flor disse que visitou Jerry no hospital na sexta-feira passada (21) e ficou conversando com ele por quase duas horas. “Ele era meu amigo há mais de 40 anos. Vou ficar bom para a gente fazer um show junto na quadra da Beija-Flor’”, lembrou.
A cantora Adriana disse que a morte de Jerry Adriani é uma perda irreparável. “Primeiro show que eu fiz na vida ele me apresentou como irmã. Ele é muito importante para mim. Estive no aniversário dele e a gente fez a maior farra. Estou muito abalada.”
A fã Sonia Maria, de 66 anos, disse que gostava do cantor desde que era criança. “Assisti vários shows do Jerry quando era mais jovem. Ele foi meu ídolo e vai ser para sempre. Estou aqui para prestar as últimas homenagens.”
O cantor Flávio Miranda, também lamentou a morte do amigo. “É um momento muito triste para mim. Eu já o conhecia há muitos anos, mas fiquei amigo íntimo dele há 10 anos, quando convivi com ele, a mulher, a família. Foi uma das maiores honras que eu tive na minha vida, com essa pessoa especial que Deus nos colocou.”
Trajetória – Nascido Jair Alves de Souza em 29 de janeiro de 1947 no bairro do Brás, na cidade de São Paulo, Jerry Adriani começou a vida profissional em 1964, com a gravação do seu primeiro disco, Italianíssimo. No mesmo ano gravou seu segundo LP, Credi a Me. Seu nome foi inspirado em dois artistas estrangeiros: o ator americano Jerry Lewis e o cantor italiano Adriano Celentano.
Em 1965 lançou Um Grande Amor, seu primeiro disco gravado em português. Tornou-se apresentador do programa Excelsior a Go Go, na antiga TV Excelsior de São Paulo. Ao lado do comunicador Luís Aguiar, apresentava músicas dos Vips, Os Incríveis, Trini Lopez, entre outros. Entre 1967 e 1968, já na TV Tupi de São Paulo, passou a apresentar A Grande Parada, ao lado de artistas como Neyde Aparecida, Zélia Hoffmann, Betty Faria e Marília Pera. O programa era um musical ao vivo que apresentava grandes nomes da música popular brasileira.
Depois se transferiu para o Rio de Janeiro e trouxe Raul Seixas para a capital fluminense. Os dois eram amigos desde a época em que Raul tinha uma banda em Salvador, chamada Raulzito e os Panteras, que posteriormente foi a banda de apoio de Jerry e o acompanhou em sucessos como Tudo Que É Bom Dura Pouco, Tarde Demais e Doce Doce Amor.
Em 1975, participou do musical Brazilian Follies, dirigido por Caribé Rocha, e exibido no Hotel Nacional por um ano e meio. Dali em diante, fez shows por todo o Brasil e em vários países do exterior.
No começo dos anos 1990, gravou um disco que trazia de volta as origens do rock and roll, intitulado Elvis Vive, um tributo a Elvis Presley, o 24º de sua carreira.