O delator Alexandrino Alencar detalhou como funcionava o pagamento de mesada a Frei Chico, irmão do ex-presidente Lula. Em depoimento ao Ministério Público Federal, ele contou que o sindicalista prestou consultoria para articulação da Odebrecht com o setor sindical antes da eleição do irmão. Depois da posse, ele passou a receber por mês “graciosamente” o que ganhava pelo antigo trabalho. Segundo informa nesta quinta-feira (13) o jornal O Globo, os pagamentos foram feitos ao longo dos 13 anos de governo do PT. Na planilha da empresa, Frei Chico tinha o codinome de “Metralha”. Além de receber recursos, a sua filha foi contratada pela empresa.
Alexandrino fazia pessoalmente os pagamentos mensais em encontros no restaurante “Galetos” do Shopping Eldorado, em São Paulo. Ficou acertado que ele receberia R$ 3 mil por mês, mas como a entrega do dinheiro — em espécie — era feita trimestralmente, o executivo entregava pacotes de R$ 9 mil. Segundo ele, Frei Chico pediu um reajuste e o valor subiu para R$ 5 mil mensais.
Aos procuradores, o executivo da Odebrecht disse que o contato com Frei Chico começou nos anos 90. Explicou que a empresa tinha problemas na área sindical por causa das privatizações.
— Achamos oportuno ter pessoas ajudando na interlocução com os sindicatos — afirmou o executivo.
Foi feito um contrato com o Frei Chico por meio de uma empresa de contratação temporária. Durante seis anos, ele prestava serviços, viajava e prestava as contas do contato com os movimentos sindicais.
— Ele era o irmão de Lula. Tinha esse cartão de visita que era muito importante.