A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou neste sábado que tem o temor de que ocorra alguma manobra para retirar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva das eleições de 2018. Segundo reportagem do jornal O Globo, Dilma disse em palestra no Brazil Conference at Harvard & MIT, organizados por estudantes brasileiros, que Lula tem 38% das pesquisas “apesar de tudo que já fizeram com ele”.
– Me preocupa que prendam o Lula e tirem ele da parada – disse Dilma, quando afirmava que é contra mudanças na regra do jogo com a bola rolando. – Deixa ele concorrer para ver se ele não ganha? Isso é o que todo mundo aqui sabe.
Dilma disse que apoia a Lava-Jato, que só ocorreu por causa das leis que ela propôs, mas disse que não pode deixar de condenar alguns abusos:
– Não é admissível juiz falar fora de processo, em qualquer lugar do mundo. O juiz não pode ser amigo do julgado. Não é possível qualquer forma de violação do direito de defesa – disse ela em crítica indireta, que muitos dos presentes entenderam ser destinada ao juiz Sérgio Moro ou a ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, ambos também palestrantes do evento em Cambridge.
Apesar de demonstrar apoio à Operação Lava-Jato, Dilma ressaltou que a investigação tem sido usada politicamente, o que, segundo ela, pode “comprometer o sistema democrático” brasileiro.
– Isso não me impede de fazer críticas ao uso político e ideológico da Lava-Jato. Isso eu não concordo. Não concordo com nenhum uso de law fare [uso da lei com find politícos] porque compromete o direito de defesa – afirmou a ex-presidente: – Não podemos em nome das vantagens desse combate [da Lava Jato], que é reduzir a distorção do gasto publico brasileiro destinado à corrupção, é muito possível sem comprometer o sistema democrático no Brasil.
Em uma forte defesa da democracia e denunciando mais uma vez seu impeachment como um golpe – ela chegou a comparar seu processo com o processo contra o ex-presidente americano Bill Clinton – ela afirmou que já viveu na ditadura e que é muito preocupante o que está ocorrendo no Brasil. Disse ainda que a crise política não se reduz pois o atual governo de Michel Temer carece de apoio democrático e eleitoral.