Uma decisão do juiz Marcelo da Costa Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, publicada no fim da tarde desta quinta-feira, revela recursos até então desconhecidos do ex-governador Sérgio Cabral, preso desde novembro na Operação Calicute. O magistrado determinou o bloqueio de cotas em um fundo de investimento pertencente a Cabral, com R$ 38,5 milhões. O valor, segundo Bretas, foi descoberto após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ter enviado a informação ao Ministério Público Federal (MPF), de acordo com reportagem desta sexta-feira (13) do jornal O Globo.
Em sua decisão, o magistrado determinou que o dinheiro fique retido porque o montante bloqueado até agora no processo “não atingiu o valor máximo determinado” em sentença anterior, de novembro do ano passado, quando foi deflagrada a Calicute. Os investigadores suspeitam que o grupo ligado ao ex-governador tenha desviado cerca de R$ 224 milhões dos cofres públicos. O GLOBO tentou contato com o Ministério Público e com a defesa de Cabral, mas não teve retorno.
O surgimento do fundo milionário de Cabral surpreende porque, em novembro passado, em outro processo relacionado à Calicute, que tramita em Curitiba, o Banco Central (BC) havia informado ao juiz Sérgio Moro ter encontrado apenas R$ 454 em contas do ex-governador. Os dados foram obtidos por meio de um sistema informatizado que atende ao Judiciário, conhecido como Bacenjud.
Também por esse sistema do BC, não havia sido encontrado nenhum valor em contas da empresa Objetiva Gestão e Comunicação Estratégica, consultoria aberta por Cabral em 2015, depois que ele saiu do governo. Já nas contas pessoais da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo foram achados R$ 10 milhões. Nas de sua firma de advocacia, havia R$ 1 milhão.