Agência ANSA
Um homem abriu fogo contra o embaixador russo em Ancara, Andrei Karlov, nesta segunda-feira (19), durante a abertura de uma exposição de arte no Contemporary Arts Center, no centro da capital da Turquia . Além do diplomata, mais três ficaram pessoas feridas. O russo morreu horas depois da ação, enquanto era atendido no hospital, informou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
O embaixador fazia um discurso na abertura do evento e o ataque ocorreu logo após sua fala, em uma sala que tinha acesso restrito de público. As primeiras informações apontam que Karlov estava no local por se tratar de uma mostra fotográfica sobre a “visão” dos turcos sobre diversas cidades russas.
Segundo a agência de notícias russa “Sputnik”, a Embaixada da Rússia na Turquia ainda não emitiu nenhuma nota oficial sobre o caso, mas o ataque ocorre a alguns dias da visita do ministro das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, à Rússia.
– Atirador: – O homem que matou o embaixador era um policial chamado Mert Altintas, informou a mídia local. Altintas, de 22 anos, fazia parte do departamento especial de Polícia de Ancara e tinha entrado na corporação em 2014. Ele foi morto após 25 minutos de confronto com as autoridades.
O atirador entrou no local vestido de terno e gravata, com sua documentação de policial, e gritava palavras contra a intervenção da Rússia na Síria. “Não esqueçam de Aleppo, não esqueçam da Síria”, disse o jovem. Ele ainda afirmou que só sairia do local morto e que ninguém estava seguro ali.
Ao final, ele grita a frase “Allah Akbar” (Deus é Grande), usada comumente por terroristas do Estado Islâmico (EI, ex-Isis) antes de realizar grandes atentados.
– Ato terrorista – A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, definiu como um “ato terrorista” o assassinato do embaixador.
“Hoje é um dia trágico para a diplomacia russa. Hoje, em Ancara, em um evento público, o embaixador russo foi ferido mortalmente”, disse a porta-voz. Zakharova ainda informou que o caso será levado, na próxima segunda-feira (26), ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
– Crise diplomática e Síria – O incidente pode voltar a gerar uma crise diplomática entre turcos e russos. No ano passado, o abatimento de um caça russo, que estava realizando ataques aéreos na Síria, fez com que os dois países emitissem uma série de restrições para seus cidadãos viajarem para ambos os países.
No entanto, após diversas tentativas, o presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo turco Recep Tayyip Erdogan fizeram as pazes e a situação voltou a normalizar.
Por sua localização, a Turquia é peça fundamental na questão do conflito sírio. Na fronteira com o país de Bashar al-Assad, os turcos são fundamentais tanto para os russos como para a União Europeia. Para os primeiros, apesar da rivalidade histórica, Putin tenta obter alguma ajuda de Erdogan a Bashar al-Assad. Por sua vez, os europeus fecharam um acordo com Ancara na questão da crise migratória. (ANSA)