A Polícia Federal investiga, no âmbito da Operação Lava-Jato, pagamentos feitos pelo grupo Petrópolis, do empresário Walter Faria, à empresa Gamecorp, de Fabio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente Lula. Um laudo da Polícia Federal, anexado ao inquérito que investiga pagamentos de empreiteiras à Lils, empresa de palestras do ex-presidente Lula, mostra que a Cervejaria Petrópolis depositou cerca de R$ 7 milhões nas contas da Gamecorp entre 2005 e 2016.
A força-tarefa apura em que condições os pagamentos foram feitos à Gamecorp. No período, a Gamecorp movimentou mais de R$ 300 milhões, de acordo com o laudo. Em outra linha de investigação, segundo investigadores da Lava-Jato, há suspeita de que a Odebrecht possa ter utilizado o grupo Petrópolis para operações ilegais.
A força-tarefa desconfia que a cervejaria tenha atuado como intermediária de pagamentos de propina da empreiteira e como “doleira” do banco Meinl Bank Antígua, comprado pela Odebrecht para movimentar valores destinados a corromper políticos e agentes públicos. Faria nega irregularidades. Em 2005, o empresário chegou a ser preso pela Polícia Federal, acusado de sonegação fiscal.
Dono da cervejaria Itaipava, Faria se transformou em um frequente doador para políticos nas eleições de 2014, quando os repasses às empresas ainda eram permitidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na eleição presidencial, Faria distribuiu R$ 101 milhões para partidos e candidatos por meio das empresas do grupo. O salto no valor das doações a políticos foi significativo comparativamente com os anos anteriores. Em 2012 e 2010, as doações do grupo Petrópolis alcançaram R$ 5,1 milhões e R$ 1,6 milhão, respectivamente.
A campanha de Dilma Rousseff (PT) ficou com R$ 17,5 milhões, recordista de contribuições da empresa entre os candidatos. Uma das doações, de R$ 5,5 milhões, foi feita pelo empresário cinco dias depois de a cervejaria renegociar um empréstimo com o Banco do Nordeste, conforme revelou a revista “Época”.