REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
O governo do estado desengavetou o projeto da Ponte Salvador-Itaparica, obra idealizada ainda na primeira gestão de Jaques Wagner (2007-2010). Ontem, o governador em exercício João Leão (PP) iniciou o processo para desapropriar cerca de cinco milhões de metros quadrados distribuídos em 20 áreas da capital e do município de Vera Cruz.
Segundo informações da coluna Satélite, do jornal Correio, os terrenos, segundo os decretos de utilidade pública assinados por Leão, serão destinados à duplicação da BA-001 e à construção de acessos à ponte, praças de pedágio e novas rodovias que integrarão o sistema de viário projetado para interligar o Oeste baiano ao Recôncavo, Baixo-Sul e Sul do estado.
”Paralisada pela crise financeira e pelas investigações da Lava Jato contra as maiores empreiteiras do país, a ponte foi ressuscitada este ano, depois que grupos de empresários chineses demonstraram interesse em explorar o negócio, com investimentos na ordem de R$ 8 bilhões”, informa a nota do Correio.
Projeto Faraônico e Eleitoreiro – Apesar de João Leão ter dito agora que os chineses estão interessados em investir no negócio da ponte, o que o próprio governo divulgou anteriormente, através de notinhas semeadas em colunas políticas da mídia, era de que eles – os chineses – tinham considerado o projeto economicamente inviável.
Matéria do JORNAL DA MÍDIA de 28/11/2013 mostrou que se a promessa de campanha do governador Jaques Wagner (PT), em 2009, tivesse sido cumprida, a ponte Salvador-Ilha de Itaparica, com 14 quilômetros de extensão, seria inaugurada pelo governo da Bahia desde o final de dezembro de 2013.
”Isto mesmo: no Verão 2013-2014 os baianos estariam, enfim, livres dos transtornos do sistema ferryboat e poderiam morar na ilha, desfrutar de suas belas praias ou viajarem com tranquilidade para cidades do Sul e Oeste da Bahia”, revelava à época a reportagem do JM.
O prazo para a conclusão do projeto, dezembro de 2013, foi o anunciado por Wagner quando iniciou a campanha do seu segundo mandato. No dia 24 de março de 2009, o governador entregou ao então presidente Lula um pré-projeto da ponte que ligaria Salvador à Ilha de Itaparica. Na oportunidade, Wagner levantou uma velha foto, do início dos anos 80, de uma ideia da empreiteira Odebrecht tinha para a ponte Salvador-Itaparica. O então governador passou a campanha inteira de reeleição falando da ponte, que custaria R$ 2,5 bilhões. Hoje, o governo diz que o projeto terá um custo de R$ 7 bilhões.
Outra reportagem do JM relatava, em março de 2014, o projeto da Ponte Salvador-itaparica teve seu prazo de conclusão adiado para 2019. O custo estimado subiu de R$ 2,5 bilhões para R$ 7 bilhões. ”No “ritmo” que as “obras” estão, é possível que o PT eleja mais uns 4 governadores às custas da ponte e que baianos, principalmente os soteropolitanos, nunca desfrutem do eterno sonho. A Ilha é ali. Mas, só no convés de navios sucateados do Sistema Ferryboat. Ou, nos “novos” que vêm aí, superfaturados, segundo as denúncias”.
O badalado edital para a construção da ponte não saiu, mas os ferries da Grécia chegaram em 2014. As denúncias de superfaturamento se confirmaram: os navios custaram aos cofres públicos R$ 54,9 milhões, ou quase R$ 20 milhões a mais do preço original comercializado pelos gregos com um português que intermediou o negócio com a Bahia, segundo mostram os documentos da negociação.
Na época, o conselheiro do Tribuna de Contas do Estado, Pedro Lino, detonou sobre a compra das embarcações da Grécia através da empresa portuguesa Happy Frontier (“Divisão Feliz”, em tradução livre) – a sede da empresa funcionava em um salão de beleza de Lisboa: “A suspeição de crime é grande. A empresa portuguesa (Happy Frontie) não era proprietária das embarcações. Pelo Código Brasileiro parece configurar um crime de estelionato”.
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Mas, enquanto a ponte Salvador-Itaparica não vem, vamos fazer a travessia virtual de Salvador para a Ilha no “projeto” do governo. Clique e assista ao vídeo: