O fortalecimento do forró de raiz como elemento da identidade cultural baiana e como atração turística que movimenta a rede hoteleira, os bares, restaurantes e a economia informal. Dessa forma se consagra o São João da Bahia 2016, com milhares de pessoas assistindo aos shows no palco principal, montado no Terreiro de Jesus, e nas praças e largos do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador. O forrozeiro Del Feliz abriu a noite de shows nesta sexta-feira (24), seguido de Flávio José, Nonô Curvelo, Targino Gondim e Tenison Del Rey.
As temperaturas mais amenas do início do inverno baiano e a chuva são um convite a mais para quem já estava disposto da dançar agarradinho. O argentino Manoel Roses, 55 anos, é engenheiro e veio com a mulher, Gláucia, natural do Macapá, para curtir a festa. O casal não fez feio e mostrou que é pé de valsa – ou melhor, de forró. “Para mim é muito importante porque na Argentina não tem essa festa, é maravilhosa”, elogia Manoel. Gláucia disse que as festas juninas no seu estado são bem diferentes. “Eu achei lindo, no nosso estado eles não valorizam tanto essa festa”.
De acordo com o superintendente de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia, Diogo Medrado, o São João da Bahia é trabalhado como produto turístico nas feiras nacionais e internacionais. “Quando o turista vem a Salvador, quer ver esse forró tradicional, com dois pra lá, dois pra cá. Foi conversando com esse público que a gente montou essa grade, para que possam conhecer a raiz da Bahia, da cultura nordestina. Além disso, o fortalecimento da cultura local é uma demanda da própria população que vive no entorno do Centro Histórico, inclusive comerciantes”.
Artistas destacam cuidado com cultura local
O forrozeiro Del Feliz é prata da casa. Natural de Riachão do Jacuípe, ele disse que a valorização do forró pé de serra tem um peso muito especial. “Durante muito tempo o forró foi discriminado, mas a gente sabe que a grande festa junina foi construída pelas culturas populares, pelo homem simples. O Governo do Estado está atento para isso e tem transformado essa festa, dando a visibilidade que ela merece no mundo, ratificando o cuidado com a questão cultural, com a essência da festa, que é o forró pé de serra, valorizando os artistas baianos. Isso nos deixa gratos e felizes”.
O paraibano Flávio José, com mais de 30 anos de estrada, falou da importância de se preservar a tradição. “Em outros estados a gente vê que as culturas se protegem, se defendem, e a gente aqui é muito aberto para outras coisas. É hora da gente olhar um pouquinho para a história da cultura nordestina, da nossa música, Luiz Gonzaga vai agradecer muito, e eu quero agradecer à Bahiatursa por essa iniciativa”. Ele também elogiou o público baiano, foi tietado e deu autógrafos. “A gente sabe que o público da Bahia é mais descontraído, dança, canta e se tiver que se emocionar ele faz isso. A energia aqui é muito boa”.