Presença mais esperada na reunião do Conselho de Ética em que se analisava a cassação do mandato do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a deputada Tia Eron (PRB-BA) passou quatro horas trancada na liderança do partido e, para fugir do assédio de parlamentares anti-Cunha, só deixou o local após o adiamento da votação. Irritada com a presença da imprensa, pediu paz para analisar o voto em separado do deputado José Carlos Bacelar (PR-BA) que estipula pena apenas de afastamento temporário.
Na saída ela confirmou que irá votar amanhã (8) e, aos parlamentares com quem conversou, deu sinais de que pode votar contra a cassação de Cunha.
”Pressão só recebo de vocês (jornalistas) que não me dão paz para estudar. Se me permitirem tenho agora um relatório de 65 páginas para estudar. Saiu hoje o voto em separado. Vocês não acham justo?” — respondeu Tia Eron depois de se reunir com o presidente interino do PRB, Eduardo Lopes (RJ) e parlamentares do partido.
Enquanto todos se perguntavam nas redes sociais se Tia Eron tinha sido “abduzida”, ela acompanhava a sessão em contato com líderes do PRB, e interlocutores de Cunha e do Planalto. Escondida no gabinete, do lado de fora assessores negavam que ela estivesse no local, enquanto outros entravam com frutas para que Tia Eron enganasse o estômago com a falta do almoço.
Com o adiamento da sessão, Tia Eron teve que sair do esconderijo. Peguntada se iria a sessão de amanhã, do Conselho, ela foi afirmativa.
— Claro querido! Eu nunca falto! — respondeu Tia Eron.
Em nota, divulgada logo após o adiamento da sessão, Tia Eron diz que a sessão do Conselho não foi suspensa por causa de sua ausência, mas por causa do pedido de vista do relator Marcos Rogério (DEM-RO). Eron diz ainda que, para evitar “maiores especulações”, gostaria de esclarecer que está em Brasília, a postos para cumprir com sua obrigação no Conselho de Ética e, caso a sessão de hoje fosse para votação, teria apresentado seu voto.
“Não me furtarei a cumprir com meu dever”, diz Tia Eron.