AGÊNCIA ANSA
Após 17 anos da presidência de Joseph Blatter, o Comitê Executivo da Fifa começará a debater nesta segunda-feira (20) o processo de sucessão do mandatário. Esse é o primeiro encontro dos cartolas desde o dia 28 de maio, um dia após a prisão de sete alto dirigentes da entidade, incluindo o brasileiro José Maria Marin.
Como primeira decisão, o grupo anunciou as eleições para o dia 26 de fevereiro de 2016, como queria o grupo liderado pelo próprio Blatter.
Quem conduziu os trabalhos foi Domenico Scala, porta-voz da instituição, e representantes de confederações de todo o mundo participaram da reunião.
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, anunciou que não viajou para a Suíça para participar da cúpula. Segundo a mídia brasileira, o atual mandatário da CBF também é investigado pelo FBI por suposta corrupção.
Até o momento, apenas o candidato derrotado no pleito do dia 29 de maio, o príncipe da Jordânia, Ali Bin Al-Hussein, se manifestou de maneira oficial para a nova disputa. Outros ex-jogadores, como o brasileiro Zico ou o argentino Diego Maradona, já manifestaram intenção de entrar no embate.
Al-Hussein afirmou hoje que pediu a renúncia imediata de Blatter. “O futuro da Fifa está em jogo e precisamos desesperadamente de uma mudança significativa na raiz. Essa mudança deve começar com a saída imediata de Blatter. Não pode ser permitido para ele planificar a sua própria sucessão ou de gerir o processo eleitoral”, disse o jordaniano.
Além de debater o futuro da entidade sem Blatter, Scala apresentará propostas pela transparência. De acordo com fontes, entre as medidas, está a publicação dos salários dos dirigentes e a limitação na quantidade de vezes que alguém pode se reeleger.
A reunião foi convocada após as investigações de corrupção que atingiram em cheio a cúpula da entidade. Tanto o FBI, a polícia norte-americana, como a Justiça suíça estão investigando casos paralelos de fraude, pagamento de propina e lavagem de dinheiro.
Coletiva de Blatter – O atual presidente da Fifa, Joseph Blatter, confirmou que não irá tentar se manter no cargo ou tentar uma nova eleição em 2016. Segundo o mandatário, ele irá se dedicar ao seu “hobby” de ser jornalista.
“Depois do dia 27 de fevereiro, eu vou para o rádio – que é a fonte de informação mais popular. É mais fácil falar do que escrever. É meu pequeno hobby, eu preciso dizer. Eu era jornalista, mas dessa vez vou para o rádio”, destacou o suíço.
O mandatário ainda confirmou que a entidade entrará em processo de reformas, que serão divulgadas mais tarde, e que a Fifa não pode ser responsabilizada pelos problemas ou erros de quem comanda as federações ao redor do mundo.
“Não podemos ser responsabilizados pelas ações das mais de 200 confederações. Eu não posso ser declarado responsável pelo comportamento moral de membros que eu não elegi e nem tenho o poder para eleger”, destacou.
Questionado sobre a ausência do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, Blatter fugiu das motivações e disse que “se alguém decide não participar, não é problema meu e não influi nas decisões do Comitê Executivo”.
Comediante invade reunião – Assim que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, entrou no local da entrevista coletiva um comediante inglês, identificado como Lee Nelson, invadiu o pronunciamento e jogou notas de dólares sobre o mandatário.
Blatter apenas afirmou que “há gente que não conhece os limites” e chamou o britânico de “mal educado”. (ANSA)