Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Baleado na madrugada de hoje (19), em Miranda (MS), o líder indígena Paulino Silva Terena é uma das 342 pessoas incluídas no Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Líder do movimento que há mais de um século reivindica a demarcação da Terra Indígena Pillad Rebuá, Paulino foi incluído no programa federal em fevereiro de 2013, devido às ameaças de morte que relatou estar sofrendo. O atentado de hoje foi o segundo nos últimos cinco meses.
Em dezembro de 2013, dez meses após ser inserido no programa de proteção, Paulino sofreu o primeiro atentado. Na madrugada de 6 de dezembro, o líder indígena avistou uma caminhonete próxima ao acampamento indígena Moreira, em Miranda, a 200 quilômetros da capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande. Ao se aproximar do veículo, sem escolta ou segurança, Paulino foi surpreendido por homens encapuzados que deixaram a caminhonete e atearam fogo em seu carro.
O terena sofreu queimaduras, mas conseguiu escapar. Um boletim de ocorrência foi registrado pela Polícia Civil de Miranda, mas, segundo o delegado Luis Alberto Ojeda, a apuração está com a Polícia Federal. De acordo com Edno Terena, outra liderança da mesma comunidade indígena, passados cinco meses, o atentado não foi esclarecido: “há suspeitos, mas ninguém está respondendo por isso”.
O primeiro atentado ocorreu pouco tempo após Paulino ter passado 90 dias em Brasília, enquanto a polícia investigava a origem das ameaças de morte que o levaram a ser incluído no programa de proteção federal. Segundo a diretora do Departamento de Defesa dos Direitos Humanos, Luciana Silva Garcia, Paulino só retornou ao acampamento terena depois que a policícia e Ministério Público Federal concluíram que o líder indígena podia voltar, e que não precisaria de escolta ou segurança.