LUÍS AUGUSTO GOMES
“Dilma, pode esperar, a sua hora vai chegar”, gritaram, em Brasília, irados prefeitos contra a ausência da presidente Dilma Rousseff no encontro nacional que fizeram para aquelas reivindicações que nunca são atendidas.
Mas isso, de fato, fez a diferença nesta décima sétima “marcha” sobre a capital federal. Para um ano eleitoral, em que a candidata à reeleição vem perdendo terreno, a ruidosa manifestação é, para ela, desalentadora.
Dilma faz isso de caso pensado. No ano passado, andou tomando umas vaias no evento. Agora, deixou espaço para os adversários Eduardo Campos e Aécio Neves atacarem o discurso do medo levado pelo PT à televisão.
Limpador de para-brisa, nunca mais – O anúncio exibido terça-feira, contra o qual a oposição tomou providências judiciais, é, sobretudo, enganoso, porque é flagrante que a vida dos brasileiros mais pobres não mudou da forma como mostrado.
A passagem de retirante a próspero agricultor é contestada pelo próprio MST, para o qual a reforma agrária não está sendo feita no Brasil nem os “assentamentos” recebem a infraestrutura prometida.
Da mesma forma, a transmutação de meninos de rua em estudantes bem uniformizados e de mochila cheia é uma miragem – pelo menos assim continuam demonstrando os lavadores de para-brisas nas sinaleiras.
Ninguém para mudar a história – Voltando aos prefeitos, o quadro é mesmo difícil, como apontou o deputado Fabrício Falcão (PCdoB). O Brasil tem mais de 5.600 municípios, disse ele, mas ficam com apenas 6% da arrecadação, enquanto os Estados levam 12% e a União, a parte do leão, 82%.
Para o deputado, “é inadmissível que o governo federal possa ser dono de uma fatia tão grande do bolo tributário e os 417 prefeitos, no caso da Bahia, fiquem mendigando com o pires na mão, tendo que pedir esmola”.
Entretanto, sem explicar o motivo dessa situação, Fabrício advertiu: “Isso não é uma ação que vem do governo Dilma, não é uma ação que vem do governo Lula, é uma ação permanente, histórica, em que a União recebe a quase totalidade”. (Por Escrito)