Em reportagem de Raquel Landim e David Friedlander, a Folha de São Paulo deste domingo (4) diz que a troca feita pela presidente Dilma Rousseff no comando da Petrobras no início de 2012 mudou o rumo de um negócio bilionário que a estatal analisava, a venda de seus poços de petróleo na África. O negócio, que estava nas mãos de um diretor indicado pelo PMDB, passou a ser tocado por um subordinado da nova presidente da estatal, Graça Foster, depois da troca.
No ano seguinte, o banco BTG Pactual pagou US$ 1,5 bilhão para ficar com metade das operações africanas da Petrobras e se tornar sócio da estatal. O valor obtido pela venda despertou desconfianças, porque a gestão anterior calculava que os ativos valiam quase quatro vezes mais.
Os funcionários que participaram do início do processo foram afastados depois que Jorge Zelada, o afilhado do PMDB que dirigia a área internacional da Petrobras, deixou o cargo e Graça Foster repassou a tarefa a outra equipe, de sua confiança. Mudanças de rota como essa ajudam a entender como o loteamento político da maior empresa do país tem afetado a maneira como ela toma decisões, gerando confusão sobre o que se passa lá dentro.
Em março de 2012, pouco depois da posse de Graça Foster, executivos que estudavam a venda dos poços da empresa na África avaliaram uma proposta que permitiria captar no mercado US$ 3,5 bilhões com a venda de 25% dos ativos, de acordo com um documento obtido pela Folha de São Paulo.
Se o plano fosse adiante, e dependendo das condições do mercado, eles achavam que metade dos poços da Nigéria, Tanzânia, Angola, Benin, Gabão e Namíbia poderia valer US$ 7 bilhões.