Karine Melo
Repórter da Agência Brasil
A Comissão de Direitos Humanos do Senado quer acompanhar as investigações da polícia do Rio sobre a morte do coronel reformado do Exército, Paulo Malhães. O requerimento de criação de uma comissão, apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), foi aprovado nesta terça-feira (29). Além de Randolfe, a comissão será formada pelos senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Ana Rita (PT-ES).
Paulo Malhães ficou conhecido depois de ter confessado e denunciado, na Comissão Nacional da Verdade, a prática de tortura e assassinatos cometidos por ele e outros agentes da repressão durante o período da ditadura no Brasil (1964/1985). As denúncias ocorreram há cerca de um mês. Na última sexta-feira (25), ele foi encontrado morto, com sinais de asfixia, na chácara onde vivia, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
O senador do Amapá mostrou preocupação com a notícia do jornal O Dia desta terça-feira. Segundo a publicação, entre as primeiras pessoas que souberam da morte do coronel Malhães está o também coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo (1970-1974). Por meio do Twitter de Ustra, o jornal descobriu uma postagem sobre o assassinato de Malhães 31 minutos antes da primeira notícia sair na imprensa sobre o caso.
“Existem elementos que não podem ficar só por conta da Polícia Civil do Rio. O caso não é um caso simples de latrocínio, e eu não vou me contentar com a versão rápida dada agora pela Polícia Civil de que foi o caseiro o responsável pelo crime”, disse. O senador disse não admitir que “a morte da principal testemunha dos crimes ocorridos durante a ditadura, fique só na conta de caseiros, mordomos e fique por isso mesmo”. Para ele, Malhães morreu por omissão do Estado brasileiro.