Não fossem as boas relações entre os governos do Brasil e da Venezuela, os países estariam na iminência de uma crise diplomática.
A deputada cassada na Venezuela María Corina Machado revelou a parlamentares de Brasília que o diplomata brasileiro Breno Dias da Costa foi o principal articulador, nos bastidores, na tentativa de barrar seu discurso na Assembleia da Organização dos Estados Americanos em Washington, dia 21 de março – que culminou com sua cassação.
Com aval do Itamaraty, o diplomata articulou para excluir dos discursos da assembleia o tema da crise na Venezuela. Conseguiu apoio de 22 nações, contra votos de Canadá, Panamá e EUA a favor do depoimento de Corína.
Em nota, o Itamaraty informou que o Encarregado de Negócios Breno Dias, da Delegação Permanente junto à OEA, agiu sob orientação do governo brasileiro. Segundo o Itamaraty, não houve ‘qualquer forma de manobra, mas procedimento oficial e transparente (..), o que constitui o procedimento de praxe em reuniões do Conselho’.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, alegou que Corína não poderia representar a Venezuela na OEA e a cassou, em decisão monocrática. Mas à ocasião, segundo relata, Maria Corína discursou não como parlamentar, mas na condição de cidadã venezuelana, na vaga cedida pelo Panamá (lembre aqui).
Parlamentares da Comissão de Relações Exteriores da Câmara preparam uma comitiva para visitar Caracas, a fim de pedir explicações à Assembleia do país vizinho.
Nesta quarta, a ONG Repórteres sem Fronteiras denunciou o sequestro em Caracas da editora de Correspondentes da TV Globovisión, Nairobi Pinto. Ela foi levada no domingo por dois homens encapuzados. Não há notícias até o momento.
A ONG relata que têm sido frequentes atos de violência contra jornalistas por parte de milícias do governo, da polícia e de aliados do presidente Nicolas Maduro (Leandro Mazzini, no UOL)