REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
Agora vai! Depois de prometer a chegada dos dois ferries usados ou “seminovos” para janeiro, depois fevereiro e posteriormente no Carnaval, o Governo da Bahia garante que os dois navios adquiridos por R$ 57 milhões no mercado da Grécia vão finalmente chegar à Bahia. A incorporação das duas unidades ao Sistema Ferryboat vai acontecer no feriadão da Semana Santa, segundo assegurou o secretário de Ifraestrutura e vice-governador Otto Alencar, em ampla matéria divulgada pelo jornal A Tarde. Uma verdadeira bomba!
Desde que o governo começou a anunciar a chegada das embarcações para atender aos baianos, ainda no Verão 2013/2014, como forma de aliviar o sufoco e os transtornos causados à população por um serviço pessimamente operado por ele, governo, em parceria com uma empresa privada, o JORNAL DA MÍDIA vem divulgando que em nenhuma hipótese, por questões burocráticas e operacionais, os ferries adquiridos na Grécia estariam aqui dentro do prazo previsto. O Verão praticamente acabou, e, com ele, também, o período de grande demanda no Sistema Ferryboat. E nada dos seminovos gregos chegarem.
O médico ortopedista da Seinfra Otto Alencar, muito ”afinado” com a questão do transporte marítimo, com o mar revolto, com o mercado de construção naval e famoso pela penetração na mídia, onde divulga autênticas “bombas”, como a “sabotagem” no navio “Pinheiro”, informa agora, segundo o prestigioso A Tarde, o motivo para tanta demora:
”O caminho é longo (da Grécia para o Brasil) e o mar é revolto, então não dá para precisar o dia. Se tudo correr dentro do previsto, elas devem chegar no dia 20 de abril”, afirmou Otto.
Que não fiquem à deriva – É torcer agora para que os seminovos ou usados gregos não fiquem à deriva no meio do Atlântico, como costumam ficar os ferries operados pela Internacional Marítima, em parceria com o governo da Bahia, no meio das águas tranquilas e protegidas da Baía de Todos os Santos. Só resta rezar.
É preciso torcer muito para que o barcos não enfrentem tempestades por este marzão afora. Seria uma tragédia (mais uma) para o governo baiano, que nos últimos sete anos só fez retroceder e não conseguiu emplacar uma melhoria sequer no Sistema Ferryboat, sempre envolto em crises e denúncias de irregularidades, atestadas inúmeras vezes pelo Ministério Público da Bahia.
Otto quer ”pronta entrega” no mercado naval – Com pouco mais de três anos à frente da Secretaria de Infraestrutura, o nosso médico ortopedista Otto Alencar parece ter descoberto a pólvora no complicadíssimo mercado da construção naval.
“Lamento que no Brasil não sejam fabricados ferries para pronta entrega. Isso dificulta que o estado adquira mais meios de transporte e que a população seja beneficiada por esse serviço”, sustentou.
Sem querer aqui contestar os conhecimentos da área naval do médico Otto Alencar, em lugar nenhum do mundo, ao que se sabe, se fabrica embarcações para pronta entrega. Ninguém encontra navios novos em prateleiras de supermercados para comprar. Afinal, um navio, seja ele de pequeno, médio ou um transatlântico, normalmente é construído sob encomenda e dentro de um projeto específico para se atender às necessidades do armador. Pode ser um ano, dois anos… Mas, dentro da ”agilidade” que marca o governo atual, 10 anos seriam insuficientes. Então, é melhor comprar usado mesmo.
Se existisse mesmo mercado para pronta entrega de navios novos, o secretário Otto Alencar com certeza compraria os ferries na Europa, como sua secretaria fez agora, e não dois navios usados. Seriam dois novinhos em folha. Vale lembrar ao secretário que um estaleiro não é uma fábrica de roupa de pronta entrega, de calcinha, de cueca ou de picolé, dessas que existem em qualquer fundo de quintal.
De mão beijada – Ainda sobre os dois navios usados adquiridos pelo Governo da Bahia e que serão entregues à concessionária Internacional Marítima para explorá-los sem nenhum custo (só lucro) para a empresa do Maranhão, terra de Zé Sarney, o secretário Otto Alencar deu uma boa notícia:
“As duas novas (quatro anos de uso) embarcações aumentarão em cerca 75% o embarque de passageiros no sistema. Uma delas, a de modelo Theologos – V, tem capacidade para transportar 212 carros, sendo 12 caminhões. A outra, Panagiotis – D, comporta 168 carros e 18 caminhões (186)”.
Bem, o que foi divulgado pelo governo na época da licitação feita pela Seinfra é de que os navios adquiridos são capazes de transportar até 146 carros. O assunto gerou inclusive muita polêmica, já que o edital de licitação exigia que a embarcação transportasse no mínimo 160 veículos. Como o secretário está afirmando agora – e saiu na TARDE ”é verdade” – que um dos ferries pode transportar 212 carros e o outro 186, fica valendo essa informação.
PS. Leia segunda-feira matéria completa sobre os ferries da Grécia.
Leia também:
- Licitação do governo Wagner para compra de navios é toda ilegal e amoral, detona empresário.
- Ferryboat: sabotagem ou incompetência do governo?
- “Sabotagem” no ferry: Otto Alencar ”pipoca” e diz agora que ”qualquer um” poderia desligar o ”disjuntor”.
- Sindicato entra com representação contra Otto Alencar por denúncia de sabotagem no ferry
- Empresária desabafa sobre o caótico ferryboat e diz que Agerba ignora até o Ministério Público