LUÍS AUGUSTO GOMES
A ministra Eliana Calmon afirmou que órgãos respeitáveis de defesa da sociedade e do interesse público, como o próprio Tribunal de Justiça, o Ministério Público e o Tribunal de Contas, estão “cooptados” pelo governo, ou seja, trocaram suas prerrogativas por alguma benesse que ela não declinou.
Depois de destacar avanços que, como corregedora nacional, conseguiu para o funcionamento do Judiciário em outros Estados, contando com o apoio decisivo dos governadores, Eliana não evitou o confronto direto com o governador Jaques Wagner, sintetizando o desprezo que devotou a seus pedidos de ajuda: “Ele não fez nada”.
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Eliana depende de as ruas quererem ética – Diz-se nos bastidores, pragmaticamente, que não há como uma amadora enfrentar gigantes da política tradicional, como o vice-governador Otto Alencar (PSD), o ex-governador Paulo Souto (DEM) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).
São nomes plausíveis para uma candidatura ao Senado – o primeiro no governo, os outros na oposição, todos dispondo de máquinas governamentais para seus propósitos. Portanto, são os favoritos à única cadeira em jogo.
Assim manda a tradição, mas a campanha de Eliana entra nesse cenário como uma proposta em consonância com as exigências que a nação fez nas ruas, embora o movimento tenha se dissipado, até dando espaço ao retorno e continuidade das práticas do Brasil podre que conhecemos.
Sabe-se que uma disputa eleitoral majoritária, por menos que seja empolgante, sempre produz emoções e tensões. No presente caso, terá tudo para abrir um novo debate na sociedade, alimentado pelo papel da candidata na luta contra uma Justiça injusta, que é das mais danosas discriminações contra a população pobre.
Conduzida por alguém em que se reconheça uma postura ética indiscutível, a mensagem tem apelo, ninguém duvide, e chegará à televisão, às redes sociais, às ruas no período em que o país estará vivendo novamente o efeito catalisador das atenções internacionais, com o evento insuperável da Copa do Mundo.
Aula inaugural – Verdadeira e transparente nas palavras que tem dito até agora, a ministra deu leve tropeço, próprio de neófitos, mas nada que não possa ser corrigido com a cartilha elementar da política.
“Se Lídice for para o segundo turno…” – especulou, desavisadamente. Que não se repita. O candidato da gente sempre vai para o segundo turno, pode até ganhar no primeiro. Aos adversários é que estão reservados os piores lugares do inferno eleitoral. (Por Escrito)