REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
O empresário Luiz Carlos Castanhede, dono da Internacional Marítima, afirmou desconhecer completamente a presença de Bruno Morais, diretor da Agerba, atuando no sistema ferryboat, que é operado por ela. Castanhede demonstrou irritação com a notícia, publicada ontem pelo JORNAL DA MÍDIA, dando conta que Morais ganhou autonomia, inclusive, para interferir nas operações do sistema, que, como é do conhecimento público, vão de mal a pior.
Em reunião ontem com representantes da Associação Comercial de Vera Cruz e Associação dos Portadores de Deficiência da Ilha de Itaparica, liderada pela empresária Lenise Ferreira, Castanhede afirmou que as deficiências atuais do ferryboat são em grande parte consequências da falta de atendimento do governo dos pleitos da concessionária. Em outras palavras: o governo não está investindo.
“Desconheço essa indicação do diretor da Agerba para atuar no sistema. Não procede também a informação da contratação de 150 novos empregados para trabalhar aqui. Se fosse para o governo intervir aqui, não faria sentido a presença da Internacional Márítima”, sustentou Castanhede. O encontro foi gravado – áudio e imagens. Talvez o governo tenha errado mesmo em não ter estendido o período de intervenção, que foi bem melhor que a atuação da empresa do Maranhão na Bahia.
A informação da indicação de Bruno Morais foi transmitida há uma semana aos representantes daquelas entidades pelo próprio diretor da Agerba, em reunião realizada no escritório central da Internacional, no Terminal de São Joaquim. Na oportunidade, Morais deixou claro que estava atuando no sistema para resolver os problemas e visando a melhoria do atendimento ao público.
Além do encontro com os membros das duas associações, Bruno Morais já comandou reuniões com funcionários da própria Internacional Marítima e com o pessoal da Agerba que atua nos terminais, também na sede de São Joaquim. Inclusive, já resolveu o problema da falta de troco que vinha sendo reclamada pelos usuários.
E mais: determinou que a Internacional, a partir de agora, não pode continuar fazendo abastecimento das embarcações em períodos de pico de demanda, como vinha aontecendo, em prejuízo do usuário. “O abastecimento tem que ser feito à noite. Se não cumprir, pode multar”, disse ele ao pessoal da Agerba.
E mais: depois da reunião na manhã de ontem com Luiz Carlos Castanhede, os representantes das associações da Ilha foram recebidos à tarde pela procuradora Joseane Suzart, na sede do Ministério Público, em Nazaré. Quem representou a Agerba no encontro foi Bruno Morais, que é diretor da agência por indicação de Otto Alencar e tido como homem de confiança do secretário do secretário de Infraestrutura.
O dono da Internacional Marítima pode até querer ignorar o fato de Bruno Morais ter sido encolhido para atuar no sistema ferryboat, numa espécie de intervenção branca – a escolha foi do secretário Otto Alencar. Mas, por conhecer o sistema devido à sua passagem como interventor da TWB, Bruno Morais está tentando resolver os problemas do ferry, já que a Internacional não conseguiu satisfazer, nesses seis meses de operação, nem a expectativa do governo e muito menos a dos usuários. O diretor da Agerba, queira ou não, é elogiado por ter jogo de cintura e ter capacidade de díalogo com os segmentos envolvidos com a problemática do sistema.
Ao designar um preposto para atuar no ferry, o governo está cumprindo o seu papel. Não é justo também que a concessionária reclame agora da falta da injeção de dinheiro público no sistema. Essa história é a mesma da TWB e não cola mais. A Internacional Marítima tem a arrecadação total das bilheterias, não está investindo nada e ainda quer mais verba do Tesouro?
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