LUÍS AUGUSTO GOMES
No almoço de fim de ano em que recebeu a imprensa, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (PDT), praticamente declarou que será o candidato a vice-governador na chapa majoritária do governo para 2014, que já tem o cabeça, Rui Costa (PT), e Otto Alencar (PSD) para o Senado.
“Estou convencido de que serei escolhido pelo governador. Se não for eu, será uma das duas maiores surpresas da minha vida”, afirmou Nilo sobre sua disputa com Mário Negromonte (PP), numa demonstração de autoconfiança incomum num processo delicado e de tão elevado nível.
Indagado sobre a possibilidade de não ser o indicado, disse que disputará a eleição de governador, se assim desejar o PDT, e em último caso tomará uma decisão sobre seu futuro político, que não incluirá um tribunal de contas nem a suplência para o Senado. “Vou pensar”, resumiu sobre a hipotética situação.
A outra grande surpresa que teve, segundo relatou, ocorreu em 1997, quando o falecido ex-deputado Isaac Marambaia, do antigo PFL, resolveu enfrentar, dentro da base carlista, com apoio da oposição, o deputado Antonio Honorato (PTN) pela presidência da Assembleia.
“Ele tinha, contados, 46 votos na véspera da eleição e perdeu”, recordou Nilo, sorrindo do fiasco. A derrota – dizemos nós – ocorreu entre fortes rumores e indícios de marcação das cédulas da votação, o que levou muitos parlamentares a desistir do apoio a Marambaia.
Candidato contesta vantagem do adversário – Reconhecendo, ante a observação de um repórter, que a definição do nome caberá ao governador Jaques Wagner, Nilo disse que “é assim mesmo: em qualquer chapa, o candidato do governo é escolhido pelo governador e o candidato da oposição, pelas pesquisas”.
A propósito, aceita “qualquer critério” para avaliação dos nomes, relacionando, entre outros, o apoio de 11 partidos, o número de prefeitos aliados, a popularidade e as indicações entre as bancadas federal e estadual do governismo. Para ele, “amizade pesa, mas o que vale é a força política”.
Nesse aspecto, Marcelo Nilo discorda da vantagem do PP sobre o PDT citada pela imprensa e atribuída a uma suposta maior coesão partidária, dizendo, de saída, que o PP até tem dois candidatos à chapa – além de Negromonte, o deputado João Leão.
Lembrou ainda que as duas legendas empatam em deputados estaduais e suplentes de senador e admite que o PP tem 54 prefeitos contra 45 e ganha por 3 a 2 em deputados federais. “Mas o PDT tem um senador e o presidente da Assembleia, isso não pesa mais?”
Firme na Globo – Nilo foi expressivo ao explicar sua recusa a uma suplência de senador. “Há três anos eu não quis disputar o Senado, com duas vagas. Agora vou ser suplente? É como você trabalhar no Fantástico e ter de mudar para a Rádio Comunitária de Antas, que é minha cidade”. Sobre uma ida para o TCE, foi econômico: “Tou muito novo”.
Sem chance com o PSB – A possibilidade de uma aliança com a candidata do PSB ao governo, Lídice da Mata, foi inteiramente descartada por Nilo, apesar do afeto que dedica à senadora, reforçado por ligações familiares – sua mulher é amiga de infância de Lídice.
O PSB, explicou, terá o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para presidente da República, enquanto seu partido, o PDT, apoiará a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Determinação – Frase definitiva do presidente da Assembleia em defesa de sua participação na chapa governista: “Sou amigo, mas não faço sacrifício”. (Por Escrito)