Ao mesmo tempo em que aumenta a capacidade de atendimento no País, o Mais Médicos amplia o abismo salarial entre profissionais contratados para desempenhar igual função. A bolsa mensal de R$ 10 mil paga pelo governo federal a brasileiros e estrangeiros que participam do programa chega a ser mais do que o dobro dos rendimentos custeados por parte dos municípios atendidos – sem contar os benefícios prometidos para auxílio com despesas de alimentação e moradia. Os primeiros médicos estrangeiros do programa começam a atuar hoje no País
Em Campo Grande, por exemplo, a prefeitura paga salário inicial de R$ 4,7 mil a médicos que trabalham 40 horas semanais com ações do Programa de Saúde da Família (PSF). Há duas semanas, porém, brasileiros selecionados pelo Ministério da Saúde atuam na cidade com contrato que garante R$ 10 mil no fim do mês.
Pelo menos outras nove capitais brasileiras oferecem remunerações inferiores à estipulada pelo Ministério da Saúde, segundo levantamento do Estado. Em muitas delas, o rendimento dos médicos só passa de R$ 7,5 mil porque é complementado com gratificações mensais ou bônus anuais, pagos em forma de prêmio por desempenho. É o caso de Vitória, onde o salário-base para 40 horas semanais é de R$ 5,4 mil, mas com os extras pode chegar a R$ 9,5 mil.(Adriana Ferraz – Estadão)