Com a saída do empresário Abilio Diniz do bloco de controle do Grupo Pão de Açúcar, as redes estrangeiras agora respondem por 51,1% do faturamento de todo o setor de supermercados no Brasil, segundo ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em parceria com a Nielsen. Pão de Açúcar (sob o comando exclusivo do francês Casino), Carrefour (também francês), Walmart (americano) e Cencosud (chileno) são hoje os quatro maiores grupos supermercadistas do país, e juntos faturaram R$ 124,3 bilhões em 2012, pouco mais da metade dos R$ 242,9 bilhões aferidos pelo setor. Se consideradas as 50 maiores redes do mercado brasileiro, a fatia dos estrangeiros sobe para 71,7%.
Tamanha concentração, porém, não significa baixa competição neste mercado, o que implicaria mais controle de preços, e seria negativo para os consumidores, de acordo com especialistas. Primeiro, porque no Brasil sobrevivem redes menores, mas com forte presença regional. E também porque a competição com o varejo de vizinhança (os mercadinhos de bairro) é muito acirrada.
— A participação desses grupos é muito alta, mas não muda muito para o consumidor. No varejo, a loja tem alcance local, não nacional. Concorre com todos os canais de venda ao redor (as farmácias, as padarias, os mercadinhos, as quitandas). Não é o Extra concorrendo só com o Carrefour — diz o economista especialista em varejo Nelson Barrizzelli, da Faculdade de Economia e Administração (FEA), da USP.
Além disso, também pela concorrência elevada, as indústrias hoje trabalham com margens estreitas e as vantagens de escala das grandes redes ao negociar preços deixaram de ser significativas. Na média, as redes trabalham com margens de lucro de 1,8% e 2%, lembra Barrizzelli.(João Sorima Neto e Ronaldo D’Ercole, O Globo)