REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
A ”falta de vontade” da Agerba (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia) em fiscalizar e combater o transporte clandestino de passageiros foi denunciada por um fiscal da agência, por telefone, ao JORNAL DA MÍDIA. Pedindo para não ter seu nome revelado, o fiscal acusou o diretor de Fiscalização do órgão, Guilherme Bonfim, de fazer vista grossa ao transporte irregular, principalmente na região Sudoeste e, especialmente, nos municípios de Guanambi e Brumado.
“A empresa Novo Horizonte, que opera o transporte regular na região, está tendo um prejuízo enorme. O diretor de Fiscalização da Agerba não permite que se multe os carros clandestinos por lá, que atuam abertamente colocando em risco a vida dos passageiros”, disse o agente da Agerba.
Ele acusou o diretor de cortar as diárias dos fiscais, de desmotivá-los e de colocá-los em risco. “A Agerba sequer se preocupa com a segurança dos fiscais, que trabalham sem coletes balísticos quando estão participando de blitz com a Polícia Rodoviária. Recebemos ameaças diárias dos clandestinos, já incendiaram até carros de fiscalização da agência, mas o diretor parece não se importar. O negócio dele é fazer política”, sustentou.
Guilherme Bonfim é filho do deputado estadual João Bonfim (PDT). Como o pai, atua também na política em municípios como Guanambi, Caetité, Bom Jesus da Lapa. Guilherme é presidente do diretório municipal do PSD de Brumado, partido comandado na Bahia pelo secretário Otto Alencar. A secretaria de Otto, a Seinfra, é quem controla a Agerba.
“A diária de um fiscal hoje é de apenas R$ 89. Quando é preciso se deslocar para municípios distantes de Salvador, o valor sequer cobre o pagamento de hospedagem. Hoje existem mais fiscais contratados pelo REDA do que servidores efetivos da agência atuando na fiscalização”, denuncia o fiscal para mostrar as distorções.
Para o servidor da Agerba, a agência só fiscaliza hoje o transporte clandestino em regiões de interesses de grupos políticos ligados ao governo Wagner. “Em Guanambi, região do diretor da Agerba, nem pensar. Mas em municípios que não são ligados politicamente ao governo, pode-se multar e apreender veículos. Recentemente, o próprio secretário Otto Alencar declarou na imprensa que estava determinando que a Agerba parasse de multar os carros clandestinos que rodam de Feira de Santana, terra do líder do governo Zé Neto, para Salvador. Isso é uma vergonha para a agência que se diz fiscalizadora. Distorceram completamente o papel da Agerba nesse governo de Wagner”, observou.
O fiscal da Agerba acusou o diretor Guilherme Bonfim, também, de comparecer pouco ao trabalho. “Ele vive mais fazendo política no interior que trabalhando pela Agerba. E ainda coloca na Gerência de Fiscalização outro afilhado do pai dele, de nome Antonio Galdino, que não quer nada. Toda a área de fiscalização acaba nas mãos de dona Dalci, funcionária do setor. Essa, sim, é quem tenta resolver tudo, o que pode, enquanto eles ganham altos salários”.
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