AGÊNCIA ANSA
Islamabad – O ex-presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, foi formalmente acusado hoje, dia 20, pelo homicídio da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, na época líder da oposição paquistanesa. O ex-general, que regressou há poucos meses ao país após um período passado em exílio, foi acusado de ter deliberadamente ignorado as ameaças contra Bhutto e por isso não ter impedido o ataque terrorista ocorrido em dezembro de 2007, que matou a líder do Partido Popular Paquistanês (PPP) após um comício na cidade de Rawalpindi. Musharraf também foi acusado pela negligência dos policiais que limparam a cena do crime após o atentado.
“Ele está sendo acusado de assassinato, conspiração para assassinato e facilitação de homicídio”, revelou o promotor Chaudhry Azhar, que substituiu o promotor Chaudhry Zulfiqar, morto em maio deste ano em um atentado na capital Islamabad. Musharraf, que desde abril está em prisão domiciliar, se apresentou hoje diante de um tribunal antiterrorismo de Islamabad, onde ocorreu uma audiência na qual não foi permitida a entrada da imprensa e nem do público.
Segundo testemunhas, durante a audiência o ex-presidente, de 70 anos, negou todas as acusações. “Esse processo tem claros fins políticos. Eu sou inocente e o demonstrarei”, teria afirmado Musharraf. O processo será retomado no dia 27 de agosto. Entre as testemunhas da acusação está o jornalista norte-americano Mark Segal, que entrevistou Bhutto após a volta de seu exílio. A ex-premier tinha afirmado que se algo tivesse acontecido com ela a responsabilidade seria de Musharraf.
O inquérito realizado pela Autoridade Federal de Investigação paquistanesa (FIA, na sigla em inglês), concluído no dia 25 de junho desse ano, incluiu Musharraf entre os suspeitos de ter realizado o ataque me Rawalpindi. Os investigadores se basearam em declarações de Segal.
Ontem, um tribunal de Quetta, na região do Baluchistão, intimou o ex-presidente a comparecer no dia 10 de setembro para responder as acusações de homicídio de um líder separatista local, Akbar Bugti. Musharraf está sendo processado também por ter prendido os juízes da Corte Suprema durante o período em que proclamou o estado de emergência no país, em 2007.
Benazir Bhutto, primeira mulher a chefiar um governo no mundo islâmico, ocupou o cargo de primeira-ministra do Paquistão entre 1988 e 1990 e entre 1993 e 1996. Ela foi morta em um atentado suicida em dezembro de 2007, apenas dois meses depois de retornar de um auto-exílio iniciado quando os militares, liderados pelo então general Musharraf, tomaram o poder em 1999 com um golpe de Estado. (Ansa Brasil)