AGÊNCIA ANSA
Cairo – Pelo menos 60 pessoas morreram no Egito hoje, dia 16, por causa dos violentos confrontos ocorridos entre os partidários da Irmandade Muçulmana e as forças de segurança.
O governo interino egípcio informou que o número total das vítimas seria somente 12. Entretanto, fontes da Irmandade relataram de pelo menos 56 mortos na praça Ramses, no Cairo, além de 10 vítimas em Ismailiya – onde a polícia atirou contra os manifestantes – e outras oito pessoas falecidas em Damietta. Outras vítimas foram registradas em confrontos em todo o país.
Os responsáveis de uma clínica próxima a praça Ramses lançaram um pedido de ajuda para os médicos presentes na capital egípcia, denunciando que a “estrutura está cheia de vítimas que precisam de ajuda e de remédios”. Outro hospital de campo foi montado na mesquita el Tawhid, próximo da praça.
Segundo testemunhas citadas pela emissora árabe al Jazeera, os militares teriam atirado contra os manifestantes na praça Ramses de cima de um helicóptero que estava sobrevoando o local. Partidários do presidente deposto Mohamed Morsi assaltaram e incendiaram uma igreja católica e uma igreja anglicana em Mallawi, na província de Minya, a cerca de 400 quilômetros do Cairo, considerado um reduto da Irmandade Muçulmana.
“Estamos lutando contra um complô terrorista organizado pela Irmandade Muçulmana”, informou o governo interino em um comunicado. Os militares avisaram a população para ficar longe de praça Ramses e Tahrir, já que as forças de segurança estariam “restabelecendo a ordem” na área.
Segundo testemunhas, tiros de armas automáticas montadas em veículos blindados do Exército egípcio estariam sendo disparados na praça Tahrir em direção de Giza. Segundo a televisão pública egípcia, um carro chegou na praça Ramses com uma bandeira de Al Qaeda e os manifestantes teriam gritado slogans a favor dos jihadistas que estavam em cima do veículo com o rosto coberto.
Fontes oficiais informaram de 24 policiais mortos nas últimas 24 horas em vários episódios de violência no Egito. O embaixador egípcio em Roma, Amr Helmy, declarou à ANSA que as autoridades do Cairo foram obrigadas a desocupar todas as praças dos manifestantes favoráveis a Morsi “especialmente após ter descoberto dentro desses acampamentos imensos arsenais de armas e valas comuns de pessoas mortas há dezenas de dias, após ter sido torturadas”.
O rei da Arábia Saudita, Abdullah pronunciou hoje um discurso na televisão para expressar o apoio de seu país ao Egito contra os “terroristas”. O monarca wahabita pediu aos países árabes de fazer frente comum contra todas as tentativas de desestabilizar o Egito. O governo interino do Cairo agradeceu o chefe de Estado saudita pelo apoio. (Ansa Brasil)