Senadora eleita pelo PSB em 2010, na chapa que reelegeu o governador Jaques Wagner, Lídice da Mata frisa que não existe qualquer hipótese de rompimento entre ela e o atual ocupante do Palácio de Ondina. Em entrevista ao jornal Tribuna, Lídice ressaltou a relação política e de amizade com Wagner, mas não usou meias palavras para se apresentar como candidata à sucessão, ainda que não condicione essa candidatura à do correligionário Eduardo Campos a presidente. “Eu estou na disputa. Eu recebo apoio de diversos segmentos da base do governo”, assegura Lídice.
Numa avaliação do atual cenário, no entanto, ela prefere ter cautela: “Eu tenho conversado com os outros partidos aliados, mas como eu penso que 2013 não é o momento de se fechar todas as alianças, nem de se antecipar o jogo, nós estamos conversando, ouvindo os partidos”, sinaliza.
Há risco de rompimento?
Lídice – Quem tiver apostando que eu e Wagner vamos brigar, perdem tempo. Além do nosso respeito político, além do exercício da liderança do governador no estado, de eu respeitar profundamente a sua liderança, eu sou amiga pessoal de Wagner. Eu tenho confiança pessoal nele, assim como tenho convicção que ele tem em mim. Então, eu não serei uma candidata contra o governo Wagner, porque se eu fosse uma candidata contra o governo Wagner, eu seria uma candidata incoerente, contra mim mesma. Porque eu apostei nesse projeto, o PSB apoiou Wagner antes do PT apoiar. Antes do PT apoiar a candidatura de Wagner, eu fui a Brasília pedir uma conversa com o ministro Jaques Wagner e disse: “nós vamos apoiar você. Nós tínhamos discutido na executiva do PSB e chegamos à conclusão que você é o melhor candidato. Nós estamos dispostos a lhe apoiar”. O governador deve lembrar disso. Oferecemos que nós começássemos a trabalhar com o Instituto Pensar, com instituições próximas a nossa militância, no sentido de começar a construir um programa de governo com ele. Então, nós apoiamos Wagner antes do PT. Não há nenhuma possibilidade de rompimento ou de estranhamentos entre mim e Wagner. Acabamos de ter uma ótima conversa. Tudo que eu fizer será conversado com o governador e acordado com o governador. Pode ser que o governador tome decisões que eu não concorde, como eu posso ter que tomar decisões que não sejam as que ele considerar melhor. Mas isso não quer dizer que nós tenhamos qualquer rompimento nem no plano pessoal nem no plano político ideológico.
A senhora está na disputa ou a candidatura da senhora depende da entrada de Eduardo Campos no cenário nacional?
Lídice – Eu estou na disputa. Eu recebo apoio de diversos segmentos da base do governo. Não são segmentos formais, são pessoas, são eleitores que me procuram diariamente para dizer que apoiam a minha candidatura. Eu vou continuar lutando para ser candidata do governo, para ser candidatada da base. Só que eu acho que nós temos ainda um longo caminho em 2013. Eu estou trabalhando no Senado, aprovei projetos importantes no Senado este ano, aprovei uma lei de facilitação da implantação das Zonas de Processamento de Exportação no Brasil, as ZPEs, que é uma lei importantíssima. Nós precisamos. Em 2013, desde o início, desde o final do ano passado, que o PSB repete isso como um mantra: “2013 será um ano difícil para a economia, nós temos que concentrar na gestão, na administração. Em 2014 nós trataremos de 2014 e da eleição”. Eu estou muito preocupada em ajudar os prefeitos do PSB a governar. Temos feito seminários de formação, temos colocado assessorias à disposição dos prefeitos, indo até os municípios, fazendo planejamento estratégico, debatendo a realidade do município, identificando linhas de financiamento no governo federal para que os municípios possam sair dessa dificuldade, lutando em Brasília com a tese que há muito nós estamos debatendo que é a reforma urbana já. E as ruas consolidaram esse posicionamento nosso, demonstrou que o PSB está com sua sensibilidade apurada, antenada com as necessidades do povo. Discutindo a necessidade de inversão do pacto federativo. Não é possível continuar com a concentração das receitas do país na União. É preciso repensar outro modelo de Brasil. É preciso reformular as nossas políticas.