A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos espionou países-membros do Conselho de Segurança (CS) da ONU em 2010 – incluindo o Brasil – antes da votação das sanções contra o Irã por causa do programa nuclear do país do Oriente Médio.
O objetivo era saber como votariam os integrantes do órgão. A revelação, na edição deste domingo da revista “Época”, baseia-se em documento ultrassecreto da NSA ao qual a publicação teve acesso.
O esquema geral de espionagem às representações diplomáticas do Brasil em Washington e na ONU, em Nova York, já fora revelado pelo GLOBO no início do mês, em documentos secretos repassados pelo ex-analista de informações da NSA e da CIA Edward Snowden ao jornalista do “Guardian” Glenn Greenwald, também colaborador da “Época”.
Snowden está refugiado no Aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, à espera de asilo em algum país.
Desta vez, porém, vêm à tona indícios de um caso concreto. E também, contrariamente ao que garante o governo americano, que a NSA não coleta apenas os chamados metadados – informações como quem fez uma chamada telefônica, para quem fez, tempo de duração etc. – mas também obteve acesso ao conteúdo das mensagens.
O documento de agosto de 2010, intitulado “Sucesso silencioso” e marcado como ultrassecreto numa categoria com proibição de exibição a estrangeiros, indica espionagem de comunicações diplomáticas de Brasil, França, Japão e México – todos membros do Conselho de Segurança naquele momento (a França em caráter permanente).(Colaboraram Mônica Tavares, de Brasília, e Isabel de Luca, de Nova York)