O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), afirmou que a polícia da Bahia foi, até aqui, uma das mais truculentas em todas as manifestações ocorridas no país e a que mais reprimiu manifestantes. Em entrevista ao jornal A Tarde, o parlamentar baiano não poupou críticas ao governador Jaques Wagner, que segundo ele faz um governo carlista mais do que os próprios carlistas.
”Não só incorporando pessoas no seu governo mas se comportando, muitas vezes, de maneira autoritária e arrogante, tal qual o antigo cabeça branca”, sustentou.
Trechos da entrevista
Polícia – Jaques Wagner quando se elegeu, em campanha, apresentou o contracheque de um policial e dizia que na Bahia os policiais eram desvalorizados e ganhavam muito mal e que a má remuneração levava a problemas como a corrupção policial, da constituição de milícias e grupos de extermínio e parte da população negra na periferia. (pausa). Nos dois mandatos a polícia baiana quase que duplicou a quantidade de assassinatos (nova pausa). Isso significa que Jaques Wagner não cumpriu a promessa dele, não foi por acaso que houve uma greve das polícias durante o governo dele. Logo, um governador que traiu sua promessa de campanha e cuja polícia continua matando a população negra, não seria sensível a manifestantes de rua e, numa nota oficial não falaria da violência da polícia.
Wagner e ACM – Não me espanta que o governador Jaques Wagner esteja em sintonia com o prefeito ACM Neto (DEM). Não me espanta de forma alguma. Jaques Wagner faz um governo carlista. Embora tenha sido eleito com a promessa de que enterraria o carlismo. Mas embora tenha prometido isso, fez um governo carlista, mais do que os próprios carlistas. Não só incorporando pessoas no seu governo mas se comportando, muitas vezes, de maneira autoritária e arrogante, tal qual o antigo cabeça branca. E olha que Jaques Wagner sequer aproveitou o que havia de bom no carlismo – sim, porque havia uma coisa de bom no carlismo. O carlismo, com toda a política paternalista que ele invocava tinha uma coisa bacana que se incorporava nas letras ACM – Arte, Cultura e Memória. O carlismo investia no orgulho de si, orgulho de ser baiano. esse orgulho de si, por mais que pareça uma coisa idiota num primeiro momento, ele tem uma coisa boa, gostar de seu lugar, cuidar do seu lugar. E esse gostar e cuidar implica uma abertura para o outro: mostrar para o outro a minha Bahia. E isso não é uma bobagem, tem implicações políticas e econômicas. Abrir a minha Bahia e mostrar como a minha Bahia é cuidada traz divisas, recursos para a Bahia. Mas também não gostaria que Jaques Wagner não agisse de maneira republicana com ACM Neto, devolvendo à ACM Neto aquilo que o avô dele fez com Lídice da Matta (PSB).