PEDRO LUIZ RODRIGUES *
Minha amiga Denise Rothenburg, atilada analista do cenário político brasileiro, chamou a atenção em sua coluna de ontem, no Correio Braziliense, para o discurso de Rui Falcão – ex-colega do Jornal da Tarde e ex-editor da revista de negócios Exame, hoje deputado estadual por São Paulo e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) -, proferido no sábado em Curitiba.
Empolgado pela vívida presença da militância, o grande líder partidário voltou à sua juventude e empunhou, com vigor, as mesmas bandeiras que os reformistas sociais de viés socialista empunhavam nas décadas de 1950 e 1960 – quando a economia brasileira dependia da monocultura do café e a absoluta maioria da população vivia na roça.
Essas bandeiras, proclamou, devem continuar a ser empunhadas pelo PT, com o objetivo final de desmontar quatro grandes monopólios ou oligopólios que impedem o Brasil de….de…(isso ele não explicitou, acho que de virar uma grande Cuba). Vamos ao programa de desmontagem oligopólica proposto pelo presidente do PT: o do dinheiro, controlado pelo capital financeiro; o da terra, pelos latifundiários que se opõem à reforma agrária; o do voto, garantido pelo financiamento privado e o poder econômico, e o monopólio da opinião e da informação, dominado pelos barões da mídia. Palavras dele.
Denise observou que as propostas de Rui Falcão deixaram muitos petistas um tanto sem jeito. Afinal os bancos tiveram excelente desempenho nos governos Lula e Dilma. No caso da terra, é a grande propriedade, moderna, nas mãos do agronegócio que sustenta a economia brasileira, “a ponto de receber homenagens dentro do Palácio do Planalto há uma semana, quando do lançamento do Plano Safra”. Quanto aos votos, o PT foi dos partidos o mais bem aquinhoado. E a mídia, essa mídia que enfrenta grandes dificuldades diante do fenômeno da Intern massas de jornalistas) esta tem o defeito imperdoável de revelar tanto o que é bom, as grandes conquistas, quanto as mazelas.
Na verdade, o problema não é com o Brasil – que sob comando competente sempre irá bem – mas com lideranças como as do PT que parecem orgulhar-se de sua incapacidade renovação.
Quanto às influências externas, pelo menos poderiam parar de achar que Cuba é um exemplo excepcional e buscar inspiração em outras plagas. Que tal a China?
* Pedro Luiz Rodrigues é jornalista e diplomata.