O vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, acusado de provocar o incêndio que matou 242 pessoas na madrugada do dia 27 janeiro na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), disse que Elissandro Spohr, o Kiko, um dos donos da casa noturna, mentiu ao afirmar que não sabia que a banda faria um show pirotécnico no local. Ambos estão presos na Penitenciária Estadual de Santa Maria. “Ele (Kiko) está mentindo, ele sabia. Ele sabia, porque a gente toca na boate dele desde 2010”, disse Marcelo.
O vocalista afirmou ainda que não foi o fogo de artifício preso em sua luva que deu início às chamas dentro da boate – testemunhas afirmaram que Marcelo ergueu a mão, fazendo com que o artefato encostasse no teto. “O Luciano (Bonilha, produtor da banda, também preso) botou na minha mão. E eu simplesmente só fiz esse movimento da esquerda para direita”, explicou. Marcelo disse não saber o que deu início ao incêndio. “Essa é a pergunta que a gente faz, até agora eu não sei porque eu não vi como começou.” As informações são do Fantástico.
“Eu toquei, fiz o show pirotécnico que tinha que fazer. O Luciano tirou a luva da minha mão, continuei tocando, terminei de cantar. Quando eu fui puxar a outra música, já tinha passado uns três minutos, no máximo uns três minutos, meu irmão me chamou e apontou pra cima. Eu olhei e era um fogo”, disse o vocalista.
Marcelo também afirmou que gritou após perceber o início do incêndio – no relatório da tragédia, a Polícia Civil afirmou que ele “não se preocupou” em avisar sobre o fogo no microfone. “Eu não sei se eu avisei no microfone porque eu já estava com o extintor na mão. Eu larguei o microfone no chão e comecei a gritar: ‘fogo, fogo’”, disse Marcelo.
Um dos vídeos gravados na noite da tragédia mostra que, depois de largar o extintor, o vocalista esteve com um microfone nas mãos. A gravação não mostra Marcelo gritando. O vocalista disse ainda que “não entende nada” de artefato pirotécnico e que os fogos foram comprados por Luciano, depois que o dono da loja deu “total garantia” de que não haveria perigo em utilizar o artefato em local fechado.
Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 242 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.
Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma. (Terra)