Sarah Germano
Da Agência ANSA
São PAulo – A Venezuela vai passar, neste domingo, por um processo eleitoral que vai eleger seu novo presidente. Os principais candidatos são o governista Nicolás Maduro, atual presidente interino, e o opositor Henrique Capriles, que já disputou a Presidência com Hugo Chávez no final do ano passado.
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Apesar de estar atrás nas pesquisas de intenção de voto, Capriles foi o único candidato da oposição que conseguiu chegar perto de derrotar o chavismo nas eleições desde que o regime teve início, em 1999. Em 2012, o opositor teve cerca de 44% dos votos, 10% a menos que o número obtido por Chávez.
Apesar de pedir a transformação do país, Capriles já mostrou em seu discurso que não deve promover mudanças radicais. Além disso, caso ganhe, ele vai ter que enfrentar uma resistência por parte da população que defende os benefícios sociais promovidos pela política chavista.
Uma vitória do presidente interino e candidato à Presidência da Venezuela, Nicolás Maduro, por sua vez, confirmaria a vontade do povo de continuar sob um modelo chavista de governo.
Para o professor da Unesp e coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais (IEEI), Luis Fernando Ayerbe, “se Capriles ganhar vai ser por uma margem pequena e ele vai ter que lidar com o aparato montado durante o governo de Chávez desde 1999 [quando ele assumiu o poder na Venezuela], incluindo as Forças Armadas, o petróleo, o partido [governista Psuv] e os movimentos sociais”.”Ele não vai conseguir fazer grandes mudanças, mudar programas sociais, ele já falou disso”, concluiu.
Para o professor de Relações Internacionais da Universidade do ABC (UFABC) e autor de dois livros sobre o país, Gilberto Maringoni, por sua vez, “é difícil dizer as mudanças imediatas, ele vai dar de cara com o chavismo, com a tentativa da população de manter uma série de conquistas [sociais] realizadas nos últimos 14 anos, especialmente nos âmbitos sociais. Não acredito que ele vá fazer uma mudança imediata, esse não é seu discurso”, destacou.
Maringoni, no entanto, destaca que “a política sempre vai depender dos preços do petróleo”. A respeito da questão, Capriles deve cortar o envio do composto para Cuba, como ele já havia prometido em 2002, durante uma manifestação em frente à Embaixada cubana no país.
O professor de relações internacionais na Universidade Federal do ABC (UFABC) Igor Fuser, destaca que “nos discursos, Capriles promete que manterá os avanços sociais do período chavista, mas um estudo atento do seu programa indica o contrário. Por exemplo, ele pretende eliminar os subsídios estatais aos alimentos básicos, que atualmente são vendidos pela metade do preço nas milhares de unidades de redes de varejo popular”, entre outras medidas.
Fuser explica que, “no caso específico de Maduro, a ligação com o legado de Chávez é sua grande credencial política, aquilo que o qualifica a pleitear a Presidência da República e a liderança do processo de transformações denominado Revolução Bolivariana. A princípio, não existe nada que o impeça de manter vivo o legado de Chávez”.
Segundo o professor, “é preciso lembrar que, depois de 14 anos, o projeto político conhecido como chavismo não pertence mais a um único líder, mas foi assimilado e incorporado por uma multidão incalculável de venezuelanos que se identificam com as práticas e as ideias associadas à figura de Chávez”. (AnsaLatina)