As ações da OGX desabaram ontem mais de 13%, atingindo a mínima histórica desde que foram lançadas, em 2008. Em 12 meses, a queda passa de 90%. Principal companhia do conglomerado EBX, a trajetória dos papéis da petroleira controlada por Eike Batista reflete o crescente endividamento do grupo, que triplicou no ano passado, a baixa capacidade de geração de receita e a dificuldade em obter novos empréstimos. Outras ações também se desvalorizaram (MMX caiu 1,05%; LLX, 1,48%; MPX, 0,42%, e OSX recuou 7,25%.
Os esforços de Eike tiveram pouco efeito sobre a derrocada dos papéis. Na semana passada, foi anunciada a venda de 24% da MPX para a alemã E.ON por R$ 1,5 bilhão. Problemas como a sucessiva troca de executivos, a produção abaixo do patamar esperado na OGX, suspensão de projetos e os investimentos que não saíram do papel, como os da siderúrgica chinesa Wisco e da montadora Nissan no Porto do Açu, contribuíram para minar a confiança dos investidores. Na quarta-feira passada, a agência Standard & Poor’s rebaixou a nota da OGX.
Somente de janeiro a março deste ano, as cinco empresas X listadas em bolsa perderam R$ 9,8 bilhões em valor de mercado. A dívida líquida total das empresas do grupo mais que triplicou no ano passado, atingindo R$ 18 bilhões, e, segundo analistas, o desempenho dos seus balanços não as credencia a tomar novos empréstimos. No ano passado, todas as companhias do grupo com ações em bolsa tiveram prejuízos somados de R$ 2,42 bilhões, dos quais R$ 1,13 bilhões da OGX.
Exposição dos bancos-bDe acordo com levantamento feito pelo GLOBO junto ao mercado, estima-se que, no total, os bancos, privados e públicos, já tenham emprestado pelo menos R$ 12 bilhões às empresas X. A ponto de a situação do grupo EBX já ter sido discutida no Planalto, entre representantes dos bancos e do governo, informação que o Planalto nega. Até o momento, segundo analistas, não haveria sinalização de Brasília para ajudar o grupo.
Tais incertezas, combinadas com a desvalorização das ações, geram um impacto indesejado na economia, com efeitos no campo político, diz Ricardo Torres, diretor da Norfolks Advisory. (João Sorima Neto e Ronaldo D’Ercole/O Globo)