Não são apenas os postais vendidos por ambulantes em Caracas que associam Jesus Cristo e Hugo Chávez. Neste Sábado de Aleluia, o presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, falou sobre a reação dos discípulos diante da morte de Jesus e comparou o desaparecimento físico do filho de Deus com o falecimento do chefe de Estado.
– Faz mais de 2000 anos, num dia como hoje, os discípulos de Jesus Cristo se deixaram levar pela dor. Alguns, inclusive, deixaram de crer porque, se Jesus, filho de Deus, tinha ido fisicamente, alguns, em sua dor, chegaram a duvidar da existência de nosso Deus criador – afirmou Maduro, citado em reportagem do “El Nacional”.
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Em seu discurso, o presidente em exercício assegurou que os mesmos sentimentos “tivemos nós, por aqui, naquele 5 de março às 16h25 (quando morreu Hugo Chávez)”. Maduro ressaltou ainda que o Sábado de Aleluia deveria ser um dia de “reflexão e oração, que coincide com os últimos dias de março, com a despedida deste mês trágico e doloroso.”
– Nunca estivemos preparados para perdê-lo fisicamente – disse.
Três semanas após a morte de Chávez, seus partidários tentam convertê-lo em uma divindade, em um país profundamente católico. Maduro, dá o exemplo, chamando o presidente morto repetidamente de “o Cristo Redentor das Américas” e descrevendo os chavistas, incluindo ele mesmo, como “apóstolos”. Na eleição do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como Papa, Maduro foi além e disse que Chávez havia aconselhado Jesus no paraíso dizendo que era hora de ter um sul-americano como Pontífice.
– O presidente Chávez está no céu – disse o presidente interino em um comício em 16 de março, no bairro pobre de Catia, em Caracas. – Eu não tenho nenhuma dúvida de que, se há um homem que passou por esta Terra e que tenha mérito suficiente para que o Cristo Redentor lhe desse um assento ao seu lado, este foi o nosso redentor e libertador do século XXI, o comandante Hugo Chávez. (O Globo)