LUÍS AUGUSTO GOMES
Pelas palavras do governador Jaques Wagner sobre o anúncio mais esperado do ano – o percentual de aumento do funcionalismo público –, é preciso que alguma instituição de responsabilidade procure pelo menos saber o que está ocorrendo com as finanças do Estado.
O assunto, historicamente decidido no início do ano, passa agora a depender de “estudos”. O governador fala em “aperto muito grande”, “dificuldades financeiras e de limites”, e diz não saber o impacto que a medida teria nas contas. Também não garante o efeito retroativo a janeiro, evidenciando-se, portanto, o risco de uma tunga inédita.
Para um governo que gasta, sem licitação, cifras bilionárias com “organizações da sociedade civil” e “parcerias” diversas, soa absurdo que não possa despender recursos para uma ínfima reposição de perdas salariais que nem mesmo fará frente a uma inflação muito além dos índices oficiais.
A oposição cumpre seu papel na Assembleia Legislativa, com apoio até de deputados governistas, mas pouco efeito tem conseguido até agora. Talvez seja o caso de o Ministério Público, que defende os interesses coletivos, intervir, pois mais de duzentas mil famílias estão sendo atingidas em seus direitos.
Se isso não for possível, roga-se à grande imprensa que se posicione ante a grande injustiça que, pelo menos na impressão geral, está prestes a consumar-se. Frustrados todos os esforços, restará a esperança de que os sindicatos representativos das diversas categorias de servidores venham a público defender os interesses dos filiados.
Ficção e realidade – Para quem acha que os servidores vão recompor o poder aquisitivo se o Estado lhes conceder, como de hábito, o INPC do período, lembramos que esse índice em 2012 ficou em 5,84%. (Por Escrito)