REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
Salvador – O ferryboat “Ivete Sangalo” voltou a quebrar, o que na verdade é uma rotina desde que a embarcação chegou à Bahia, em agosto de 2008. Depois de passar quase 24 horas em reparo no Terminal de São Joaquim, o “Ivete” retornou a tráfego ontem, à tarde. E hoje pela manhã, 10 minutos depois de deixar Bom Despacho com destino a Salvador, apresentou um problema elétrico no motor e teve que retornar. Os passageiros e veículos foram transferidos para o ferry “Rio Paraguaçu”.
Durante todo o mês de janeiro, o “Ivete Sangalo” não fez a travessia Salvador-Bom Despacho. Com um problema no eixo do sistema de propulsão, a embarcação ficou fora de tráfego, o que contribuiu bastante para que o sistema enfrentasse mais uma séria crise, chegando a ficar com apenas uma embarcação na travessia, em pleno Verão.
O JORNAL DA MÍDIA apurou junto ao Setor de Tráfego e Operações da Agerba, em Bom Despacho, que os passageiros e veículos que estavam a bordo foram transferidos ”sem problemas” para o “Rio Paraguaçu”. Contudo, usuários que estavam na fila de veículos esperando para embarcar enviaram vários e-mail e ligaram para o JM informando que a revolta fotal e que houve buzinaço.
A Agerba não se pronunciou oficialmente. O site da autarquia traz hoje a mesma informação de ontem: que o ferry “Ivete Sangalo” tinha retornado, o mesmo acontecendo com o “Pinheiro” e que o sistema ferryboat operava à tarde (de ontem) com cinco embarcações. No entanto, às às 13 hs de ontem o sistema tinha somente três navios em tráfego, o que causou uma enorme fila no Terminal de Bom Despacho, com tempo de espera para embarque de seis horas no mínimo – a Agerba, que não tinha nenhum fiscal na fila de veículos, disse que a espera foi de apenas três horas.
Problema crônico – Os constantes problemas enfrentados pelos ferries “Anna Nery” e “Ivete Sangalo” são crônicos. Esses dois navios, construídos pela TWB e vendidos ao Estado por mais de R$ 70 milhões, têm erros graves no projeto de construção, denunciados desde quando aqui chegaram pelo JORNAL DA MÍDIA. O principal erro está no sistema de propulsão. Por isso, as duas embarcações apresentam com frequência problemas de eixo e de motores, que resultam em paradas constantes para manutenção. Os dois faziam a travessia em 35 minutos e hoje, quando conseguem navegam, se arrastam e levam um hora para cumprir o percurso – tempo superior aos dos ferries antigos, alguns de 1972.
Tanto o “Ivete” como o “Anna Nery” foram vendidos ao Estado com preços superfaturados, conforme denunciou o JORNAL DA MÍDIA em 2009, o que foi comprovado somente no final do ano passado pelo Ministério Público da Bahia. Na construção dos dois navios cabia ao governo acompanhar e fiscalizar o projeto desde o seu início. A Agerba nunca fez isso e muito menos a Secretaria de Infraestrutura. E mesmo assim liberaram, deram o aval, para a TWB construir e embolsar os mais de R$ 70 milhões.
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