LUÍS AUGUSTO GOMES
Só um demônio de várias faces poderia estabelecer as condições para que não houvesse alternativa ao prefeito ACM Neto senão candidatar-se pela oposição ao governo do Estado em 2014.
É empreitada que exige muito: grande êxito nos primeiros 15 meses de gestão, fracasso acentuado do governo Wagner, a ponto de gerar defecções, posição incontrastável nas pesquisas e, sobretudo, a existência de um forte candidato a presidente com o qual pudesse dividir o palanque.
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Fora isso, não há enquetes, manifestações populares em festas ou sopros ao pé do ouvido que consigam afastar o prefeito de seu objetivo de concluir – e concluir muito bem – seu primeiro quatriênio à frente da Prefeitura.
Para isso, ele deverá guardar distância da sucessão estadual, por dois motivos: empregar na recuperação de Salvador todo o tempo disponível, ainda que insuficiente, e construir com o governador Wagner uma agenda comum digerível, que as circunstâncias, mais que as vontades, impõem.
Geddel tende a ser “natural” na oposição – Os problemas na capital são muitos, e Neto sabia disso. Não serão resolvidos num passe de mágica, como parece inevitável aos que acham também, rasamente, que o prefeito transformar-se em governador é somente uma questão de sair candidato.
Sim, a oposição terá uma candidatura, e ante a impossibilidade daquela que seria natural, há nomes que podem assumi-la. O primeiro a pretendê-la, com toda legitimidade e viabilidade, é o ex-ministro Geddel Vieira Lima, que disputou o governo em 2010 e teve mais de 1 milhão de votos.
Tudo vai depender deste maldito período até 2014, quando alguns olhos grandes poderão ficar ainda mais abertos, mas a tendência é de que Geddel seja o nome para compor como uma luva o quadro sucessório.
No PSDB, é certo que os deputados Jutahy Júnior e Antonio Imbassahy não pleitearão, e no DEM é pouco provável que prospere um arroubo – José Carlos Aleluia? Paulo Souto? – destinado somente a enfraquecer o desempenho oposicionista.
Nilo contra o “carlismo” – Uma tese ganha corpo: o candidato do governo deve ser de fora do PT, pois se o senador Walter Pinheiro não reuniria apoios internos suficientes, os outros nomes postos – dos secretários Rui Costa e José Sérgio Gabrielli – poderiam ser presas fáceis para um competidor com mais densidade política e eleitoral, seja lá quem for.
Nessa linha de raciocínio, sobram o vice-governador Otto Alencar (PSD) e o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (PDT). A questão aí é quem seria mais palatável aos petistas, pois muitos acham que uma vitória de Otto colocaria o carlismo, novamente, nas principais frentes de poder. (Por Escrito)