Do projeto político do PSB para 2014, cuida o PSB. O aviso foi dado ontem por interlocutores do governador pernambucano e presidente do PSB, Eduardo Campos. Enquanto o ex-presidente Lula, como articulador do PT, traça todo tipo de cenário com o intuito de tirá-lo da disputa com a presidente Dilma Rousseff, inclusive acenando com o escanteio de Michel Temer e do PMDB na chapa para acomodá-lo como vice em 2014, o governador madrugou nesta quinta-feira em Brasília para se reunir com a cúpula do partido e traçar sua própria estratégia e um plano de trabalho político para 2013.
Como Lula, que pretende retomar suas caravanas pelo país em maio, e Dilma, que já está na estrada, Eduardo Campos percorrerá estados brasileiros a partir de abril, para participar de seminários e debates com setores diversos da sociedade sobre o que pode ser o embrião de um programa de governo.
Nas reuniões internas do partido, estes encontros já foram batizados de “Diálogos do Desenvolvimento”. E os objetivos começam a ser traçados: além do novo federalismo, propor políticas de industrialização e geração de empregos que possam tirar mais rapidamente os pobres da dependência dos programas assistenciais, marca do governo petista.
Eduardo Campos não admite que esteja numa espécie de pré-campanha. Todo esforço, diz, é para consolidar o crescimento do partido. Mas nas reuniões de ontem com o comando do PSB ficou claro o desconforto dele e de outros dirigentes com o que classificam, reservadamente, como uma tentativa de Lula de atropelar e tumultuar o jogo.
À provocação de que petistas tentam empurrar sua entrada na corrida presidencial para 2018, Eduardo Campos joga a cabeça para trás e responde com um sorriso silencioso de quem quer dizer: não posso esperar tanto tempo. Diplomático e cuidadoso, não diz que sim nem que não. Seus colegas de partido, no entanto, estão autorizados a falar.
“Respeitamos o presidente Lula e não temos como controlar o que ele fala. Mas nosso compromisso é o de fortalecer nosso partido. E o nosso propósito, claro, é fortalecer nosso principal líder: Eduardo Campos”, afirmou Carlos Siqueira, integrante da Executiva Nacional do PSB, após a reunião com o governador.
A avaliação feita entre os integrantes da Executiva é que o PSB capitalizou politicamente as eleições para os presidentes do Congresso, saindo em vantagem em relação ao PT e ao PSDB, que se aliaram para eleger Renan Calheiros (PMDB-AL) presidente do Senado, e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara. O PSB bancou a candidatura de Júlio Delgado (PSB-MG) na Câmara, contra o favorito Henrique Alves — apoiado por 20 partidos governistas e de oposição —, que obteve surpreendentes 165 votos.
Alfinetando o pré-candidato tucano em 2014, Aécio Neves (PSDB-MG) — que no Senado defendeu o voto em Pedro Taques (PDT-MT), mas não fez discurso no dia da eleição —, Campos lembrou que os quatro senadores do PSB subscreveram um documento público defendendo a renovação e foram à tribuna contra Renan Calheiros. (O Globo)