LUÍS AUGUSTO GOMES
“Meu querido, eu não falo sobre o aumento da gasolina, eu falo sobre a redução da tarifa de energia elétrica”, disse a presidente Dilma Rousseff a um jornalista.
De certa forma, posição digna do ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero (governo Itamar Franco), que teve de deixar o cargo após vazamento de palavras suas em conversa que pretendia discreta.
Ao lado do jornalista Carlos Monforte nos bastidores de um programa de TV de que participaria, ele cochichou: “O que é bom, a gente mostra; o que é ruim, a gente esconde debaixo do tapete” – e o mundo tomou conhecimento por culpa da antena parabólica.
Possivelmente, a presidente pode estar querendo esconder muita coisa que não lhe interesse política ou administrativamente. Mas será perda de tempo. Hoje, cada pessoa é uma antena e um transmissor.
De qualquer forma, vale dizer que a postura de Dilma traduz o presidencialismo arrogante do Brasil, em que chefes de governo não se julgam obrigados a comentar um tema econômico que diz respeito a toda a sociedade.
Parceria público-privada – A propósito da língua solta do ministro, na época foi descaradamente desprezada outra frase igualmente bombástica, ou talvez mais.
Foi quando Monforte, hoje competente repórter e editor da Globonews, perguntou, sobre uma crise do momento, se os empresários não estariam dispostos a colaborar para uma solução.
Com um muxoxo, Ricupero encerrou o papo: “É tudo bandido”. (Por Escrito)