Flávia Villela
Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro estima que, para resolver o problema da falta de profissionais de medicina nos seis hospitais federais da capital fluminense, é necessário pelo menos mais 1.500 médicos e rever a atual política de contratação.
“Salários incompatíveis com o mercado e concursos temporários têm provocado a evasão de médicos da rede de saúde pública. Mão de obra temporária é uma medida que tem se mostrado ineficaz em todo o Brasil. O governo federal precisa rever sua política de recursos humanos. Não adianta ter uma grande estrutura com essa falência de recursos humanos”, disse o presidente do sindicato, Jorge Darze.
Os hospitais federais no Rio de Janeiro são os do Andaraí, de Bonsucesso, zona norte, Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, de Ipanema e da Lagoa, na zona sul, e dos Servidores do Estado, zona portuária.
Em visita ao Rio de Janeiro, no mês passado, quando anunciou a criação de leitos em hospitais públicos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, admitiu que faltam médicos nas unidades federais, mas defendeu que a carência desse tipo de mão de obra ocorre, principalmente, porque poucos profissionais de qualidade estão sendo formados.
“Nossos números mostram isso. Não adianta ter apenas mais médicos, precisamos de profissionais formados para as necessidades de saúde da população. O Brasil precisa de um plano estratégico de formação de médicos”. Padilha ressaltou que enquanto o Brasil tem 1,8 médicos por mil habitantes, Espanha e Portugal têm mais de três por mil habitantes, Cuba tem seis por mil habitantes e a vizinha Argentina, três médicos por mil habitantes.
Na opinião do secretário-geral e coordenador da Comissão de Saúde Pública do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), Pablo Vazquez, não adianta criar novos leitos se não há médicos para cuidar dos pacientes. Ele acredita que existe um grande número de aposentadorias de médicos sem que haja reposição na mesma velocidade. “No CTI [Centro de Tratamento Intensivo] Pediátrico do Hospital Cardoso Fontes, por exemplo, leitos foram fechados porque os médicos se aposentaram e não foram contratados substitutos. O principal problema na saúde do Rio é a falta de recursos humanos”, ressaltou.