O ministro Luiz Fux, 59, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou em entrevista a Folha de S. Paulo publicada neste domingo que em 2010 – quando era ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), pleiteando uma vaga no STF – procurou o então réu no processo do mensalão e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para entregar seu currículo. Ao periódico, Fux afirmou: “pedi para que ele levasse ao Lula, só isso”. O ministro conta ainda sobre uma certa lamentação que Dirceu tinha durante os encontros e chegou a utilizar a palavra “perseguido”.
Ao jornal, a assessoria de Dirceu relata os encontros como “a pedido do então ministro do STJ”. Já no governo Dilma, ainda no começo de 2011, Fux – a exemplo do que fez durante a gestão de Lula – teria levado seu currículo ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Durante a entrevista, Fux confirma ainda reuniões com João Paulo Cunha, que seriam a pedido do também réu do mensalão. Sobre se abordaram o tema durante esses encontros, Fux se esquivou: “não vou confirmar nem vou negar”.
O Mensalão do PT – Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.(Terra)