Flávia Albuquerque
Agência Brasil
São Paulo – O Centro de Referência e Apoio à Vítima (Cravi), programa da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, lançou hoje (23) uma cartilha com informações para auxiliar os parentes e vítimas dos mais diversos tipos de violência sobre como agir nesses casos. A publicação Da Dor à Busca por Justiça – Orientações para Vítimas de Violência, traz depoimentos de participantes do Cravi e mostra quais os papéis de órgãos e autoridades como Instituo Médico-Legal (IML), juiz de direito, delegado, psicólogo e assistente social.
De acordo com a coordenadora do Cravi, Cristiane Pereira, o objetivo da cartilha é ajudar os parentes das vítimas a aprenderem a lidar com a situação e até superarem o trauma da perda causada por violências como homicídio, latrocínio, ameaça, violência sexual, doméstica, desaparecimento, tráfico de pessoas e exploração do trabalho. Além da distribuição do material para o público presente no lançamento, está prevista a distribuição da cartilha em locais de grande circulação de pessoas.
“Queremos evitar a revitimização, ou seja, a vivência daquela situação de violência novamente. Isso acontece quando a pessoa tem que ir a diversas instituições e cada vez contar a história novamente, sofrendo mais. Nossa ideia é encontrar a pessoa antes desse caminho todo para que ela consiga encontrar o lugar certo onde tem que buscar informação sem rodar por diversas instituições”, disse.
Cristiane explicou que o principal objetivo do Cravi é ajudar o parente de vítima de violência a retomar à vida e à sua rotina normal, tendo um convívio minimamente normal, parecido com o que tinha antes da violência. O Cravi atende a cerca de 150 pessoas por mês na capital, além de 40 nas outras duas unidades do centro de referência (Santos e Campinas).
A pedagoga Maria Inês Reis Gomes, de 46 anos, conheceu o Cravi depois de perder o segundo filho, que morreu pordepressão após perder o irmão mais velho em um assassinato cometido por um membro da família. “Meu filho mais velho morreu com 26 anos e o meu filho mais novo, que tinha 24 anos, não suportou porque os dois eram muito amigos. Ele faleceu quase dois anos depois. Eu tentei levá-lo a psiquiatra, médico, mas ele se recusou a ir e se fechou”.
A chegada de Maria Inês ao Cravi foi providencial para que ela conseguisse prosseguir e ter esperança de que o assassino de seu filho seja punido. “No Cravi eu fui acolhida, orientada, encaminhada para passar por médicos e hoje eu me sinto amparada. Um pouco da minha revolta transformou-se em força e eu luto pela justiça”. Maria Inês agora aguarda o andamento de um processo de adoção de uma menina, feito com o apoio jurídico do Cravi.