O réu Itamar Messias dos Santos, acusado de participar do sequestro e morte do prefeito de Santo André Celso Daniel, em 2002, foi condenado nesta quinta-feira a 20 anos de prisão. Santos é o sexto membro da quadrilha condenado no caso. Agora, falta apenas Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, apontado como mandante do assassinato, ir a júri popular.
O caso de Itamar foi analisado por júri formado por três homens e quatro mulheres, em Itapecerica da Serra, a jurisdição onde o petista Daniel foi encontrado morto com oito tiros, em 20 de janeiro de 2002. Após mais de oito horas de julgamento, ele foi finalmente considerado culpado por homicídio duplamente qualificado, mediante promessa de recompensa e sem defesa da vítima.
O advogado do réu, Airton Jacob Gonçalves Filho, não negou a participação do réu no sequestro, mas tentou atenuar a participação de Itamar no assassinato de Daniel, que ocorreu após o ex-prefeito ter sido levado pelos criminosos.
Já o promotor Marcio Augusto Friggi de Carvalho, que também conduziu o júri de outros acusados pelo crime, voltou a reforçar o aspecto político do crime, como havia acontecido nos outros julgamentos recusou aceitar a conclusão de crime comum.
Para o Ministério Público, o prefeito foi morto por causa de um esquema de desvios de recursos que existia em sua gestão. Segundo os promotores do caso, o dinheiro era desviado para o caixa dois do PT, com o conhecimento de Daniel.
O esquema funcionava bem até o prefeito descobrir que parte do dinheiro estaria sendo embolsado por outros envolvidos na trama. Entre eles estava o empresário e ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, o Sombra. Quando mostrou que não toleraria desvios para fins particulares, Daniel entrou na mira do empresário, que teria contratado um grupo para matá-lo em janeiro de 2002. Nesse grupo estava Itamar dos Santos e os outros acusados pelo crime.
As penas dos outros cinco réus já condenados variam de 18 e 24 anos e foram aplicadas em diferentes júris realizados entre 2010 e agosto deste ano.
Após o julgamento de Itamar, sobrará apenas a realização do júri do Sombra, apontado como o mandante do crime. Silva chegou a passar sete meses preso em 2003, mas sua defesa tem conseguido adiar o julgamento por meio de um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) contestando o poder do Ministério Público de conduzir investigações criminais.
Ações – Após o crime, o Ministério Público ofereceu duas denúncias relacionadas ao crime. Uma delas é na esfera criminal, contra o bando que sequestrou e executou o prefeito. A outra é uma ação de improbidade administrativa que corre paralelamente, proposta após as investigações revelarem o esquema de desvio de verbas instalado na administração de Celso Daniel.
Na ação de improbidade, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o PT são réus. A Promotoria afirma que Carvalho, que foi secretário na gestão de Daniel, atuava como “mensageiro” para levar o dinheiro desviado da prefeitura para o PT, que o usaria para financiar campanhas políticas. Ao todo, o Ministério Público pede que o PT, Carvalho, outros cinco acusados e uma empresa devolvam cerca de 5,3 milhões de reais desviados dos cofres públicos.
No momento, a ação de improbidade tramita lentamente na Justiça. Para fortalecer o caso, os promotores estão trabalhando para conseguir um depoimento do operador do mensalão, o publicitário Marcos Valério, que pode fornecer novas pistas para o esquema de corrupção, conforme mostrou reportagem de VEJA. Até o momento, Valério não foi ouvido. (Veja)