E se os três ferries que estão sendo recuperados não ficarem prontos para atender no início de dezembro, como prometeu a Agerba, como ficará o sistema ferryboat? Com dois ou três navios? E a nova empresa que vai assumir as operações do sistema, após a intervenção prevista para acabar no início do mês, a Internacional Marítima, realmente tem condições de gerir, é capacitada ou será mais uma TWB da vida? O feriadão foi um transtorno para milhares de baianos que se aventuraram a atravessar para a Ilha de Itaparica. A direção da Agerba anda atormentada com a situação e luta contra o tempo. O governo foi mais uma vez lento, demorou a intervir no sistema e o povo está pagando caro. A matéria abaixo, publicada pelo jornal Correio, reflete a difícil e complicadíssima situação.
Além da toalha, o povo jogou o lençol, o edredom e até a canga no chão do terminal de Bom Despacho, na Ilha de Itaparica, para amargar 12 horas na volta do feriadão da Proclamação da República. O estudante de Administração Yves Barbosa, 19 anos, afirmou ter chegado à fila por volta de 21h20 de anteontem, mas só conseguiu desembarcar às 8h50 em Salvador. No total, 11 horas e 30 minutos.
“Fiquei morrendo de sede. Não tinha onde comprar nada. As lanchonetes estavam fechadas”, conta. Quem ficou na fila afirmou que durante a madrugada a travessia parou. “Não andava de jeito nenhum” , afirmou o técnico em telecomunicações Plínio Augusto, 35, que aguardou em companhia da esposa e do filho. Voltando de Ilhéus, Sul do estado, com a filha de sete meses, a enfermeira Daiane Burgos se arrependeu por ter optado pelo ferry. “Fiquei trancada no carro a madrugada inteira com o ar-condi-cionado ligado. Minha bebê ficou sem tomar banho. Não tinha ferry operando de madrugada”, criticou.
Segundo ela, ainda foi preciso descartar alimentos que estavam no veículo. “Perdi iogurte, carne e outros produtos” . A médica Luciana Vieira, 31, também ficou na dúvida se encarava o sistema. Resolveu arriscar e entrou na fila 0h40. Chegou em Salvador às 9hl0. “Às 5h, avisaram que só tinham duas embarcações funcionando, mas ninguém saia do lugar”, disse.
“Estava com meu filho de 1 ano e 3 meses, e meu marido começou a passar mal. Ninguém (do ferry) fez nada, apesar de ter pedido prioridade. Um fiscal insistia que a travessia acontecia. Me senti enganada”, desabafou Luciana. Segundo a Agerba, doisfer-ries — Maria Bethânia e Ivete Sangalo — e duas lanchas — Anita Garibaldi e Costa do Sol — trabalharam em esquema de bate-volta durante a madrugada. O Anna Nery sofreu pane elétrica no domingo e foi retirado de operação, após ficar à deriva. Os pedestres também penaram: os passageiros da lancha Cavalo Marinho I ficaram assustados após a embarcação ficar à deriva 15 minutos depois de partir do terminal.