LUÍS AUGUSTO GOMES
Somente uma alteração muito importante a partir dos debates programados para esta semana em emissoras de televisão é que poderia alterar o quadro eleitoral de Salvador, que indica a realização de segundo turno entre os candidatos Nelson Pelegrino (PT) e ACM Neto (DEM).
Entretanto, além do fato de ocorrerem em horários muito avançados, como o de ontem, na Record, concluído quase 1 hora da madrugada de hoje, neles não tem sido, ao longo da campanha, apresentadas novidades além das que vêm povoando o programa eleitoral desde o dia 21 de agosto.
É possível que no último desses encontros entre os seis postulantes, quinta-feira, na TV Bahia, haja uma definição mais expressiva de eleitores ainda sem candidato, em razão da maior audiência da emissora. O debate de hoje, na Aratu, está fadado à mesma inocuidade geral.
Kertész e Marinho evitariam segundo turno – Nada, porém, que modifique a tendência notada com certa clareza nas pesquisas mais recentes, em que os dois principais candidatos mantêm-se próximos, em patamares elevados, e seus competidores não passam de um dígito, diferentemente de 2008, quando três nomes disputaram palmo a palmo.
Em circunstâncias normais de uma eleição democrática, os últimos colocados do atual pleito poderiam, se avaliassem ser recomendável, até antecipar posições que tomariam no segundo turno, justamente com o objetivo de evitá-lo e decidir logo a questão.
Como são claros os indícios de que se alinharão ao governo estadual – no caso, as sinalizações feitas à imprensa por Mário Kertész (PMDB) e Márcio Marinho (PRB), que somam cerca de dez pontos –, a desistência de ambos na reta final poderia dar a vitória, já domingo, a Nelson Pelegrino.
Da Luz dá votos a qualquer um – Para Da Luz (PRTB), uma espécie de outsider e dando a impressão de certo gosto pela aventura, não seria problemático negociar com qualquer dos lados. A queda por Pelegrino pode se revertida em apoio a Neto.
Hamilton segue firme na ideologia – Hamilton de Assis (PSOL) é exatamente o contrário: não estando no segundo turno, não apoiará nenhum candidato, nem os da “direita” tradicional nem o do PT, do qual se desfiliou em 2005 no episódio da reforma da Previdência, que deu origem a seu partido.
“O PT traiu o interesse dos trabalhadores”, disse Hamilton, ao comentar uma situação em que o partido fez algo contra o que sempre pregou. A partir dali, houve uma “perda de rumos” que foi confirmada com o escândalo do mensalão.
Na atual campanha, o representante do PSOL é o único que traz à discussão a questão ideológica, aqui traduzida pela denúncia de práticas perpetuadas para apropriação criminosa dos recursos públicos por “máfias”, resultando no abandono, hoje pode-se dizer completo, dos verdadeiros interesses da população de Salvador. (Por Escrito)