JOSIAS DE SOUZA
A uma semana da eleição, Lula pisou no acelerador. Escalou na noite passada dois palanques de Fernando Haddad. Ambos na Zona Leste de São Paulo. O padrinho do candidato petista dedicou-se a espinafrar o tucano José Serra, com quem seu afilhado disputa uma vaga no segundo turno.
Num dos comícios, Lula disse que Serra “deve estar desesperado porque não tem mais idade para disputar a Presidência”. Tomou uma “surra” na disputa presidencial de 2010, disse. “Agora, volta para São Paulo, como se São Paulo fosse um cabide de emprego. Ai, meu Deus, requere a aposentadoria que é melhor.”
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Lula voltou a fustigar Serra por ter renunciado à prefeitura depois de ter sido eleito em 2004. “Ele se mandou”, declarou, agarrando-se a um calcanhar de Serra que o PT vem beliscando desde a fase de pré-campanha. “Depois, [Serra] ficou três anos no governo [de São Paulo] e se mandou para disputar a Presidência. Tomou uma chulada.”
Numa referência a Celso Russomanno, o patrono de Haddad declarou que governar São Paulo exige experiência. Disse isso num instante em que o ex-azarão do PTB, hoje líder nas pesquisas, leva aos lábios comparações entre sua trajetória e à do próprio Lula, alçado à Presidência, em 2003, sem nenhuma experiência anterior que o credenciasse.
Também presente aos comícios, Marta Suplicy, cuja adesão ao companheiro Haddad foi azeitada pela ascensão ao Ministério da Cultura, ecoou Lula. Comandar a prefeitura de São Paulo “não é coisa para amador”, ela enfatizou. Na sua vez de discursar, o candidato cuidou de enfatizar a precariedade de uma das propostas de Russomanno.
Recordou que o antagonista do PRB propõe cobrar tarifas diferenciadas dos usuários dos ônibus. O preço da passagem seria calibrado pela distância percorrida. Algo que, segundo Haddad, vai impor aos moradores da periferia desembolsos maiores.
Pior: para reduzir as despesas com o vale-transporte, os empregadores passariam a dar preferência à contratação de mão-de-obra das áreas centrais de São Paulo, desempregando os trabalhadores pobres dos bairros assentados nos fundões da capital paulista.
O mensalão não foi chamado pelo nome nos comícios. Mas esteve presente. Lula repetiu o lero-lero segundo o qual “a elite” tentou impingir-lhe “um golpe” em 2005, ano em que Roberto Jefferson levou os lábios ao trombone.
O ministro Aloizio Mercadante afirmou que estão em jogo na disputa de 2012 “a história” dos governos de Lula e da gestão de Dilma Rousseff. Na contramão das condenações que saltam do plenário do STF como pulgas do dorso de cães vira-latas, ele estimulou os militantes do PT a fazer campanha “de cabeça erguida”.
Nesta segunda (1o), haverá novo comício pró-Haddad. Dessa vez com o reforço de Dilma Rousseff. (Blog do Josias)