LUÍS AUGUSTO GOMES
Há cerca de seis meses, quando ainda se sonhava com um candidato a prefeito de Salvador em coligação DEM-PMDB-PSDB, um firme deputado oposicionista sugeriu ao vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica, Geddel Vieira Lima, que deixasse esse cargo e viesse “se juntar a seus irmãos na Bahia”.
Era uma referência ao processo eleitoral, em que Geddel se encontrava em dificuldade para apoiar ACM Neto, que na condição de líder do DEM na Câmara dos Deputados era o principal crítico da presidente Dilma Rousseff, patroa de Geddel.
Apesar de ter sido preterido como aliado ao candidatar-se ao governo do Estado em 2010, quando Dilma veio à Bahia e apoiou o petista Jaques Wagner, quebrando um acordo, Geddel manteve a fidelidade – não quis ficar desempregado nem perturbar as relações nacionais de seu partido com o governo.
Agora, novamente, apresenta-se uma situação em que o chamado “maior líder do PMDB na Bahia” vê a “aliada” manifestar-se por Nelson Pelegrino, pouco ligando para seu gesto altruísta de lançar candidato – Mário Kertész –, evitando juntar-se ao duro adversário da presidente.
Dúvida é sobre caminho “melhor” ou “natural” – A conjuntura, como era de se esperar, produziu especulações sobre a posição de Geddel na eventualidade, muito provável, aliás, de Kertész, apesar da boa campanha que faz, não ir ao segundo turno.
Há quem considere que seu caminho natural seria apoiar Pelegrino, respeitando a aliança com o governo federal. A dúvida é como seriam os termos desse entendimento e, sobretudo, o respeito à sua integridade num clima que foi e permanece azedo, porque foi difícil a experiência de compartilhamento do poder com o PT.
No plano da análise romântica, certamente muito distante das mentes chamejantes dos operadores diretos, entende-se que Geddel, valorizando o plano regional sem descuidar do investimento para o futuro, ficaria melhor ao lado de Neto, como deixa transparecer.
Vade Neto – Com Kertész, a questão é freudiana. Ele nasceu do ventre gestor de ACM, tendo tido, nos momentos primaciais da vida profissional e política, de engolir, como nos legou o criador da psicanálise, a figura do pai cruel, violento e castrador.
Em idade razoavelmente avançada, seria mesmo pouco recomendável encarar a figura do neto. (Por Escrito)