REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
Quem não conhece o presidente da TWB, o empresário Pinto dos Santos, deve estar sensibilizadíssimo com o choro destilado por ele, ontem, ao final da tarde, no Terminal de São Joaquim. Teve até coleguinhas da imprensa, dizem, que ficaram com pena.
O dono da TWB demonstra agora tristeza, decepção e muita revolta com o governo por sua empresa ter sido obrigada a deixar as instalações que ocupava nos terminais marítimos pela polícia. É de uma humildade que dá dó. Ao se despedir dos funcionários chorou copiosamente.
Por pouco não pediu o lenço a Eduardo Pessoa, diretor da Agerba, para enxugar as lágrimas. Pessoa estava por perto, percorrendo o terminal com a polícia.
Pinto é muito diferente, agora, depois do uso da intervenção pelo governo. Não é de longe aquele que costumava cantar de galo nos gabinetes da Agerba, da Seinfra, da Casa Civil e por aí a fora. Ou daquele que criticava abertamente o governo na imprensa, quando por algum motivo não era atendido.
Ali era o autêntico Pinto, o arrogante, que desfrutava de privilégios para receber as benesses do governo, para perseguir e demitir servidores e até fiscais da Agerba que multavam sua empresa negligente, não é mais aquele. O Pinto que humilhou o povo da Bahia com um servicinho ordinário no ferryboat, mudou muito rapidamente. Caiu de quatro. A polícia realmente é capaz de tudo!
Quando chegava na Agerba, por exemplo, dizia abertamente que sua empresa ainda estava na Bahia para fazer favor e que não fazia a menor questão de deixar o sistema ferryboat. Disse isso também ao governador Jaques Wagner e ao secretário Otto Alencar.
Mas quando o governador lhe chamou para dizer que a TWB precisava sair do sistema ferryboat, o Pinto mudou. Disse que não era bem assim, deu pulinhos, ficou vermelho, esperneou e passou a pedir R$ 190 milhões de indenização. Ameaçou entrar na justiça e entrou.
As relações entre a TWB e o governo se deterioram completamente nos últimos meses. O governo teve que se valer da intervenção, que na verdade é um ato de força. Só assim conseguiria tirar Pinto de lá. Mas veja como Pinto dos Santos ficou humilde, nessa declaração ao jornal A Tarde de hoje:
“O estado continua em posição de conflito, tendo decretado a intervenção na empresa (TWB). Nada disso é necessário. Bastaria que o governo manifestasse interesse que os serviços lhe seriam imediatamente devolvidos“.
É brincadeira de mau gosto ouvir o dono da TWB declarar isso agora.
Mas confira como reagiu Otto Alencar, secretário de Infraestrutura, à declaração de Pinto:
“Ainda não recebemos a carta aberta dele (Pinto), mas o governo aceita a devolução sem problemas, esperamos por isso há tempos. A mudança de empresa foi a melhor opção para os usuários do sistema ferryboat. Não tinha mais como continuar com uma empresa que negligenciava o serviço”.
A TWB se estraçalhou. Cometeu erros amadores ultimamente, talvez na expectativa de que o governo fosse recuar. Seu presidente entrou em desespero. A última cartada foi aquele debate na Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa, em que Pinto dos Santos ganhou uns aliados já conhecidos. Só que a partir do debate veio à tona toda a ilegalidade praticada pela empresa na Bahia, escancarada pelo diretor Eduardo Pessoa, da Agerba. Foi o fim. Foi o enterro da TWB.
Pinto também menosprezou um provérbio, que o JORNAL DA MÍDIA gosta muito:
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.