O número de leitos para internação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia diminuiu em 2.254 vagas nos últimos sete anos. É o que atesta o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), vinculado ao Ministério da Saúde. A queda no número de vagas se deve à extinção de leitos da rede privada (particulares e filantrópicos). O setor teve diminuição de quatro mil leitos, queda de 27,5% em relação à oferta em 2005 (14.507).
Em contrapartida, de acordo com o CNES, na rede pública foi detectado um crescimento de 13,4% do número de leitos naquele período. Na esfera estadual, o acréscimo foi mais expressivo: em dezembro de 2005, a rede contava com 4.242 leitos. Em junho deste ano, este número chegou a 5.443, um acréscimo de 1.201.
Segundo o presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Asheb), Marcelo Britto, a baixa remuneração e o atraso na atualização da tabela de pagamento do SUS levaram os hospitais privados a diminuírem a oferta de vagas.
“Contando com os honorários médicos, exames, despesas com alimentação, entre outros gastos, o SUS investe uma média de R$350 por uma diária de UTI no hospital privado, enquanto o convênio paga cerca de R$ 1.400”, afirma Britto.
Já o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, garante que, caso os equipamentos dispostos nos hospitais particulares
atendam às necessidades do paciente, o Ministério da Saúde chega a dobrar o pagamento por leito.
“Se for um leito de retaguarda, à disposição do pronto-socorro, dobra-se o valor do repasse em cima da tabela SUS. Em relação aos leitos de UTI, que são carentes nas especialidades adulto e neonatal, o SUS paga 50% a mais do valor da diária”, assegura.
O médico e membro do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb-BA) Otávio Marambaia diz que a falta de repasse de verbas para as Santas Casas de Misericórdia, hospitais e entidades filantrópicas reduziu o número de leitos para o SUS nessas instituições.
“Os hospitais filantrópicos desempenham um papel de extrema importância, pois boa parte dos leitos oferecidos pelo SUS está nestas instituições. A defasagem nas tabelas e a dívida histórica com as instituições têm agravado a crise financeira desses hospitais e reduzido os leitos”.(A Tarde)