Camila Maciel
Agência Brasil
São Paulo – Moradores da Favela do Moinho, na região central da capital paulista, enfrentaram na manhã de hoje (17) o segundo incêndio em menos de um ano na comunidade. Em dezembro passado, 1,2 mil famílias ficaram desabrigadas e duas pessoas morreram. Esse é o 33º incêndio de grandes proporções em favelas paulistanas este ano.
No acidente de hoje, uma morte foi registrada e mais 300 pessoas perderam suas casas, segundo cadastro da assistência social do município.
De acordo com a Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras, 800 famílias moravam na Favela do Moinho no final de 2011, das quais, metade já teria sido removida após o primeiro incêndio com ajuda do auxílio-aluguel. O mesmo benefício deve ser oferecido às famílias atingidas pelo fogo de hoje. Os moradores relatam, no entanto, que o auxílio não é suficiente para pagar o aluguel e que as famílias acabam retornando para a comunidade.
O vigilante José Victor de Albuquerque, de 55 anos, relata que seus vizinhos estavam mudando com muita frequência, tendo em vista a oferta do auxílio. “Você tira um [morador] e vem outro para o mesmo lugar. O valor que é oferecido [para pagar o aluguel] é muito pequeno. Não dá pra pagar nada. O melhor era receber uma casa mesmo e a gente ir pagando aos poucos”, avalia o morador, que perdeu todos os pertences no incêndio de hoje.
O valor do auxílio-aluguel é de R$ 450, segundo a prefeitura. De acordo com o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Ronaldo Camargo, apenas 37 famílias retornaram ao local depois que os auxílios foram concedidos, entre abril e maio deste ano, o que não significa que a favela tenha se refeito. “Nós vamos conferir com o cadastro de habitação e também de assistência social”, informou.
Camargo disse ainda que um conjunto habitacional nas proximidades da Ponte dos Remédios, com 1,3 mil unidades, será concluído em até seis meses para acolhimento das famílias. Para evitar a ocupação do local sob o Viaduto Orlando Murgel, onde ocorreu o incêndio, o secretário informou que o lugar deve ser urbanizado e há projeto de se construir um parque. “Isso aumentaria, inclusive, a permeabilidade, evitando enchentes”, explicou.