O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT adotaram uma tática clara para tratar do mensalão neste domingo, um dia depois da publicação da edição de VEJA que revela, em sua reportagem de capa, que o empresário Marcos Valério vem repetindo a interlocutores que “Lula era o chefe” do esquema de desvio de verbas públicas e compra de apoio parlamentar. Valério já foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e peculato no julgamento do mensalão.
O ex-presidente evitou a imprensa ao chegar ao Centro de Tradições Nordestinas, na zona norte de São Paulo, para evento de promoção do candidato do PT à Prefeitura paulistana, Fernando Haddad. Protegido pelos seguranças, Lula se encaminhou diretamente ao camarote destinado às autoridades.
Leia também:
- Marcos Valério diz que Lula era chefe do mensalão, revela Veja
- Segredos do mensalão: Marcos Valério teme ser assassinado
Das alas do PT, o governador da Bahia, Jaques Wagner, foi escalado para o papel de defensor do ex-presidente. Wagner disse que Lula jamais esteve com Valério; o empresário condenado, contudo, tem descrito em detalhes o esquema do mensalão dentro do PT. Ele afirma, por exemplo, que passaram pelo esquema criminoso pelo menos 350 milhões de reais, o triplo do valor descoberto pelo Ministério Público.
Wagner tentou ainda demonstrar confiança. Disse que não acredita que o julgamento do mensalão – cujo veredicto já condenou um petista influente, o deputado João Paulo Cunha – vai influenciar o desempenho do PT nas eleições municipais de outubro. “(O julgamento) não provocará um tsunami eleitoral no PT.”
Eleições – Wagner foi um dos governadores convidados para o almoço que marcou o ingresso do colega pernambucano, Eduardo Campos (PSB), na campanha de Haddad em São Paulo. Mais do que isso: o evento foi organizado para selar a paz entre PT e PSB.
Embora os socialistas tenham sido os primeiros a fazer aliança com o PT em torno de Haddad, a relação entre o ex-presidente Lula e o governador ficou estremecida depois que Campos rompeu a aliança com os petistas e lançou candidato próprio em Recife. De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada nesta quarta-feira, Geraldo Julio, do PSB, tem 34% das intenções de votos contra 23% de Humberto Costa (PT). (Thais Arbex, na Veja)