LUÍS AUGUSTO GOMES
O candidato do PT a prefeito de Salvador, Nelson Pelegrino, usa a imagem e o nome do governador Jaques Wagner em seu programa eleitoral, mas apenas como uma formalidade.
Mais de três semanas de televisão, praticamente metade do tempo, e a participação do governador tem sido virtual. Não há o discurso sedutor que por cinco anos imperou nem a filmagem de caminhadas e comícios ao lado do candidato.
Wagner representou uma mudança muito importante e positiva na política baiana. Após surpreender nas urnas uma forte oligarquia, foi suave nos primeiros anos de poder, dando um choque de descontração numa sociedade habituada ao medo e ao mandonismo.
Experiência não ajudou para o segundo mandato – Esse foi um avanço tão impressionante que permitiu ao governador uma gestão tranquila e coesa, mesmo enfrentando, por tabela, as dificuldades que se abateram sobre o planeta a partir de 2008.
Foi uma reeleição fácil, novamente no primeiro turno, decorrente muito mais do clima de boa convivência que ele estabeleceu entre as forças políticas, possibilitando até aproximações antes impensáveis, do que de realizações administrativas, que também houve.
Entretanto, apesar da experiência adquirida em quatro anos, o segundo mandato não teve o ingrediente principal, que seria o impulso mais efetivo ao desenvolvimento do Estado, com números que tirassem a Bahia do crônico atraso econômico no panorama nacional.
Conjunção de fatores afetou a popularidade – Ao contrário, a gestão passou a ser mais identificada com inação e a morosidade, que a oposição soube aproveitar na confrontação com outras unidades da Federação, culminando com um ano de 2012 absolutamente infeliz para o governo.
Associaram-se, como é do conhecimento de todos, fatores que devastaram a popularidade do governador – greves desgastantes no serviço público, despreparo para uma seca de efeito histórico no extenso semiárido, atraso em obras e o agravamento dos problemas de Salvador, pelos quais o Estado também tem responsabilidade.
Em circunstâncias tão adversas, não restou a Wagner senão distanciar-se da campanha, e não é improvável que, até 7 de outubro, arranje outra viagem ao exterior na sua peregrinação por investimentos, mas juntando dessa vez o útil ao agradável.
Lula chega como reforço externo necessário – A presença em Salvador do ex-presidente Lula, amanhã, para comício de apoio a Pelegrino na Praça Castro Alves, exige, naturalmente, a participação do governador, que deverá ser mostrada no horário eleitoral, protegida pelo brilho da estrela maior do partido.
Afinal, seria inaceitável e inexplicável que a diretriz de isolamento do governador valesse para evento tão emblemático, praticamente o último trunfo do candidato petista para avançar e criar condições de segundo turno.
Desgraçadamente, porém, passado “esse momento lindo”, com tudo de bom que puder ou não produzir, Wagner deverá retornar à postura discreta que vem guardando, na esperança de não afundar o aliado. (Por Escrito)